Governo da Etiópia pede apoio a Angola

etiopO Presidente da República, José Eduardo dos Santos, recebeu ontem em audiência, no Palácio da Cidade Alta, o diplomata etíope Grum Abay, na qualidade de enviado especial do primeiro-ministro daquele país, Meles Zenawi.

Grum Abay foi portador de uma mensagem na qual o chefe do governo etíope pede o apoio de Angola e, em especial, do Presidente José Eduardo dos Santos, para a candidatura do seu país ao posto de comissário para a paz e segurança da União Africana, durante a cimeira a ter lugar em Addis Abeba, nos dias 29 e 30 deste mês.

O primeiro-ministro Meles Zenawi pretende contar, não apenas com o voto do Chefe de Estado angolano mas com a sua influência na sub-região austral do continente, onde é actualmente o presidente em exercício da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) e apontado como membro de peso da Comunidade de Estados da África Central (CEAC), da Comissão do Golfo da Guiné e dos Países Africanos de Língua Oficia Portuguesa (PALOP).

"A amizade pessoal entre os nossos dois líderes é um elemento muito importante nesta relação", frisou o diplomata etíope, que realçou o nível alto das relações a nível da União Africana e no plano bilateral, onde considerou haver margem de expansão da cooperação.

A cimeira da União Africana tem como principal motivo de interesse a eleição do presidente da Comissão da União Africano, um dos órgãos executivos da organização, actualmente, dirigido pelo diplomata Jean Ping, cuja candidatura apoiada pela CEDEAO, tem a oposição de Nkosazana Dlamini-Zuma, ministra sul-africana  do Interior, em representação da SADC.

A eleição do presidente da Comissão da União Africana é acompanha pela eleição do seu "vice"  e de oito comissários. Em Julho de 2011, a comissão notificou os Estados Membros sobre as vagas e o prazo para inscrições das candidaturas foi marcado para 15 Setembro.

A Comissão da União Africana apenas recebeu uma candidatura a lugar de vice-presidente. Trata-se do queniano Erasto Jo Mwencha, que é o actual "vice" de Jean Ping.

Ao Gabinete do Conselho Jurídico da Comissão da União Africana deram entrada várias candidaturas às vagas para comissários. No próximo domingo, 29, dia da abertura da cimeira, são conhecidos os novos comissários para paz e segurança, Recursos Humanos, Ciência e Tecnologia, e para os Assuntos Sociais.

Em declarações aos jornalistas, à saída do encontro com o Presidente da República, o embaixador Grum Abay disse que o primeiro-ministro Meles Zenawi, além de pedir o apoio de Angola para a candidatura à vaga de comissário para a paz e segurança, pretende explorar novas soluções para o reforço da cooperação bilateral.

"As nossas relações remontam desde o tempo em que Angola ainda lutava pela sua independência. Continuamos com essa relação no quadro da União Africana, e também queremos reforçar a cooperação bilateral, o que quer dizer que temos boas relações de amizade e uma parceria mutuamente vantajosa", sublinhou.

O diplomata referiu que Presidente José Eduardo dos Santos concorda com a necessidade de alargar a cooperação entre os dois países. Grum Abay considerou "bastante frutuosa" a cooperação entre os dois países na aviação civil, mas "ainda há muito espaço para o reforço da cooperação nesta mesma área". Acrescentou que existem "muitas outras possibilidades nas áreas de comércio, investimentos e a transferência de tecnologia".

Crescimento económico

Segundo J.A. Angola e Etiópia estão no topo do continente em matéria de crescimento económico. A Etiópia é o país africano não dependente de petróleo que tem o maior crescimento económico, com uma média de nove por cento anual desde 2003, e superando os dois dígitos em alguns anos.

"Angola e Etiópia e um pequeno grupo de países africanos lideram o continente em termos de crescimento económico. Nós acreditamos que com a cooperação com Angola podemos crescer muito mais e vai ser benéfico para África no geral", disse o diplomata etíope.

Em 2010, em plena crise económica mundial, a Etiópia apresentou o quinto maior crescimento do mundo, de sete por cento, é um promissor mercado emergente e a futura maior economia da África Oriental.