A greve (in)esperada protagonizada pelos estudantes do Soyo, horas antes do jogo com os polícias no sábado, 11, no campo dos Embondeiros, colocou a direcção do clube liderado por Alberto Maria Sabino, sem solução para o confronto futebolístico referente à 24ª jornada. O Interclube que já se encontrava no terreno da Académica do Soyo, onde permaneceram até 16h15 de sábado, cujo início estava previsto para as 13h30 foram surpreendidos pela ausência dos donos da casa, cuja angústia dos adeptos e amantes do futebol era maior
A situação gerada na última sexta-feira, 10, em Luanda, pelos jogadores da equipa da Académica do Soyo ao abandonarem o local do encontro sem nenhuma explicação, criou um embaraço à direcção e deixou perplexa a massa associativa e adeptos, bem como agudizou a crise há muito anunciada no seio daquela agremiação desportiva. Alberto Maria Sabino, presidente da direcção da Académica do Soyo, que elegeu unilateralmente, a cidade de Luanda, como palco de preparação do conjunto comandado tecnicamente pelo professor Romeu Filemon, não teve argumentos suficientes para convencer os jogadores a deslocarem para o município do Soyo, para defrontarem o Interclube, no último fim-de-semana.
O dirigente, afirmou que, a sua direcção convocou os jogadores e a equipa técnica para um encontro num dos restaurantes no município da Samba, Luanda, onde propunha pagar no local um mês de salário, situação rejeitada pelos atletas que exigiam os dois meses em dívida e só assim rumariam para o Soyo. O presidente da Académica do Soyo, confirmou ao "JD" que, a sua direcção deve apenas dois meses e a última parte das luvas dos jogadores, correspondentes a 50 por cento do valor total, uma vez que já tinha pago a outra parte.
"Na sexta-feira, 10, convocámos todos os jogadores e a equipa técnica, e propusemo-nos a pagar no local um mês de salário, dos dois em dívida, e na semana seguinte liquidaríamos na totalidade, bem como os últimos cinquenta por cento das luvas dos jogadores. No sábado, 11, assim que fóssemos ao Soyo jogar com o Interclube, saldaríamos o restante. Infelizmente, os atletas reuniram entre si ao saírem da sala do encontro e unilateralmente decidiram não voltar.
Ou seja, pura e simplesmente puseram-se em fuga, apenas voltou o Alberto, como porta-voz, ",explicou Alberto Maria Sabino. A fonte do "JD" acrescentou que, de marches foram feitas no sentido de o conjunto embarcar para o município do Soyo às 7 horas de sábado, 11, mas os jogadores desligaram todos os contactos até 9h00', apresentaram-se apenas quatro atletas o que levou a abortar a viagem.
Reacção do Interclube
Por seu turno, o presidente do Interclube, José Martinez, surpreendido com a ausência da equipa visitada, disse em entrevista no campo dos Embondeiros que, pela situação vivida pelo adversário, se a direcção da Académica do Soyo quisesse fazer um acordo que visasse o adiamento do jogo colaboraria, mas infelizmente nenhum elemento dos estudantes os contactou
"Nós fizemos despesas com a deslocação para o Soyo com o fito de jogar hoje (sábado) e posteriormente regressarmos para Luanda.Tudo poderia se resolver se houvesse um contacto antecipado a partir de Luanda. A direcção da Académica do Soyo ao aperceber-se que estava com um problema interno, deveria amigavelmente fazer uma carta ou um telefonema a solicitar o adiamento do jogo para segunda ou terça-feira e, assim iríamos equacionar o nosso programa", especificou.
Problemas financeiros estão na base do diferendo
Alberto Maria Sabino, confirmou, que o clube do kwanda, enfrenta problemas financeiros. Para ele, a situação financeira da Académica é conjuntural, o mundo está em crise mundial, mas mediante esforços individual e de algumas pessoas amigas tem sabido resolver os encargos do clube. "Nós recebíamos usd 600 mil do patrocinador oficial, a Sonangol Pesquisa e Produção, valor que foi aumentado a tempos para um milhão de dólares, fruto dos contactos realizados junto da entidade patrocinadora",acrescentou.
O presidente da Académica, considerou o valor insuficiente para os encargos totais da agremiação, uma vez que, na época passada, os encargos totais cifraram-se em usd 5,5 milhões. "Com um milhão de dólares, não há hipótese de se fazer poupança. Um milhão esgotaram-se logo na primeira volta do campeonato 2010, graças aos esforços suplementares que temos feito por conta própria temos conseguido levar avante o clube", frisou.De acordo com o "boss" da agremiação do Soyo, o clube tem encargos mensais que não especificou, avaliados em cem mil dólares.
Presidente acusa mão invisível
O presidente da Académica do Soyo, acredita haver uma mão invisível por detrás do mau comportamento dos jogadores. Ele acredita que a razão invocada pelos atletas, consubstanciada na exigência dos dois meses de salário em atraso, não justifica atitude tomada por eles. "O atraso salarial de dois meses, não leva os jogadores a terem uma atitude deplorável um dia antes do jogo em casa com o Interclube.
Não sei quem está por detrás desta situação, não quero apontar o dedo, mas não é normal os jogadores agirem assim", lamentou. A título de exemplo, como disse, para a realização do jogo na cidade de Cabinda da 21ª jornada, a sua direcção não tinha como desbloquear a situação salarial dos jogadores, mas como solução conversou-se com o conjunto e entregou-se usd 500.00 a cada jogador e estes deslocaram-se à Cabinda para defrontar o FC.