“Não deixem que o passado determine as vossas vidas”

“Não deixem que o passado determine as vossas vidas”

Num encontro com crianças palestinianas, num campo de refugiados, o Papa recebeu uma escultura de uma mão a segurar numa chave, representando o direito ao regresso às suas terras.  

O Papa Francisco encontrou-se na deste sábado(25) com dezenas de crianças palestinianas, residentes num campo de refugiados perto de Belém.

Sem qualquer discurso preparado, o Papa dialogou um pouco com os jovens e escutou atentamente, através de tradução, um discurso de um rapaz que lhe falou da vida “sob ocupação”.

“Somos os filhos da Palestina. Abrimos os nossos olhos debaixo desta ocupação. Queremos dizer ao mundo, basta de sofrimento e humilhação”, afirmou o jovem.

“Deus não nos criou para sofrermos, mas para vivermos em fraternidade. Não fomos criados para matar, mas para nos amarmos”, disse ainda.

"A violência vence-se com a paz"
Em resposta, o Papa, falando de improviso, pediu às crianças que tenham esperança no futuro.

“Compreendo o que me estão a dizer. Não deixem nunca que o passado determine a vossa vida. Olhem sempre para a frente. Trabalhem e lutem para conseguir o que querem. A violência não se vence com a violência. A violência vence-se com a paz”, insistiu o Papa.

No início, quando entrou na sala onde decorreu o encontro, o Papa foi saudado pelas crianças que lhe esperavam com vários cartazes, alguns em árabe e outros em inglês, que exprimiam os anseios do povo palestiniano. Um dos cartazes dizia: “Exigimos a liberdade de culto” e noutro lia-se simplesmente: “Eu nunca fui até ao mar”, numa alusão ao limite de movimentos a que estão sujeitos.

O Papa recebeu ainda dois presentes oferecidos pelas crianças, incluindo uma pequena escultura de uma mão agarrada a uma chave, simbolizando o “direito ao regresso” que os árabes reclamam na Terra Santa. Muitos dos que vivem ainda em campos de refugiados foram expulsos das suas terras ancestrais pelos israelitas aquando da fundação do Estado de Israel e guardam ainda, simbolicamente, as chaves das casas que foram forçados a abandonar.

Francisco despede-se desta forma da Palestina, partindo para Israel, onde esta tarde ainda celebra um encontro ecuménico na Igreja do Santo Sepulcro. A peregrinação do Papa termina na segunda-feira, com regresso a Roma marcado para o fim da tarde.