Papa vai canonizar franciscano que evangelizou a Califórnia

Papa vai canonizar franciscano que evangelizou a Califórnia

O Papa vai canonizar esta Quarta-feira nos Estados Unidos da América (EUA) o Beato Junípero Serra (1713-1784), franciscano que evangelizou a Califórnia, durante a sua viagem aos Estados Unidos da América.

A celebração vai decorrer no Santuário nacional de Washington, dedicado à Imaculada Conceição.

A decisão tinha sido anunciada pelo próprio Papa em janeiro, durante a viagem que o levou do Sri Lanka às Filipinas, ao falar das canonizações ‘equipolentes’, um processo em que o Papa reconhece a santidade sem a necessidade de um milagre após a beatificação, como aconteceu com São José Vaz (1651-1711), missionário no Sri Lanka que nasceu em Goa, então território português.

“São figuras que fizeram uma forte evangelização e estão em sintonia com a espiritualidade da «Evangelii gaudium» [exortação apostólica de Francisco]”, precisou.

O Papa explicou que quando há “veneração do povo de Deus” como santos a “um homem ou uma mulher que há muito tempo são beatos”, é possível dispensar o “processo sobre o milagre” que teria de ser atribuído à intercessão desse fiel para a sua canonização.

Segundo os responsáveis franciscanos, há 191 cartas do futuro santo que revelam a sua “defesa intrépida dos povos indígenas” em território norte-americano.

Junípero Serra nasceu em Maiorca, em 1713, tendo sido ordenado padre em 1737; cerca de dez anos depois, ofereceu-se para ser missionário, tendo começado a trabalhar no continente americano na Sierra Gorda, México, junto dos indígenas Pame.

Em 1767, foi eleito como presidente do grupo de franciscanos designado para substituir os jesuítas expulsos das missões da Baixa Califórnia; dois anos depois, participou na expedição para alargar a fronteira espanhola para norte e ocupar a Alta Califórnia.

Desde 1769 até 1784, ano da sua morte morte, Junípero Serra foi presidente das missões franciscanas desta região, com ação junto de diversos grupos de indígenas -  Kumeyaay, Ohlone, Salinan, Tongva, Acjachemen e Chumash.

A biografia divulgada pelo Missal oficial da viagem do Papa recorda que o futuro santo entrou em confronto frequentemente com as autoridades militares “sobre a melhor maneira de tratar os indígenas”.

O texto admite que muitos indígenas “morreram nas missões, muitas vezes por causa das doenças introduzidas pela incursão espanhola na área”.

O religioso foi beatificado pelo Papa João Paulo II a 25 de setembro de 1988.

A canonização vai decorrer ao ar livre, diante da Basílica do Santuário Nacional da Imaculada Conceição, maior templo católico dos EUA, no nordeste da capital norte-americana e longe dos símbolos políticos como a Casa Branca e o Congresso.