Paz: Violência «parece não ter fim», lamenta secretário de Estado do Vaticano

Paz: Violência «parece não ter fim», lamenta secretário de Estado do Vaticano

O secretário de Estado do Vaticano enviou segunda-feira uma mensagem em nome do Papa ao arcebispo de Vrhbosna-Sarajevo em que lamenta a persistência de conflitos em vários pontos do globo, revelou a Sala de Imprensa da Santa Sé.

“Continua a ameaça do terrorismo, muitas guerras ensanguentam a terra, a violência contra o irmão parece não ter fim”, escreve o cardeal italiano Tarcisio Bertone no texto dirigido ao responsável pela diocese da capital da Bósnia-Herzegovina, que acolhe até hoje o 26.º encontro internacional de oração pela paz organizado pela Comunidade de Santo Egídio.

O “desejo” de Bento XVI é que todas as regiões “necessitadas de reconciliação e tranquilidade encontrem rapidamente a paz”, refere a mensagem, acrescentando que o Papa está “espiritualmente” unido aos participantes.

“O pensamento do Santo Padre vai, nestes dias, de modo particular, para o Médio Oriente, para a dramática situação na Síria e para a viagem apostólica que está prestes a realizar ao Líbano”, entre sexta-feira e domingo, assinala o documento endereçado ao cardeal Vinko Puljić.

A mensagem transmite a saudação de Bento XVI aos “representantes das Igrejas e comunidades cristãs e das grandes religiões mundiais”, bem como à população de Sarajevo, “que lhe é particularmente cara”.

Da cidade onde começou a I Guerra Mundial, que segundo o beato João Paulo II se tornou “símbolo do sofrimento de toda a Europa”, quer “partir uma mensagem de paz, graças ao encontro de muitos homens e mulheres de várias religiões”, sublinha Tarcisio Bertone.

A “longa experiência de diálogo” vivida neste tipo de iniciativas “mostra o falhanço da cultura do confronto” e “ressalta o valor do diálogo”, sustenta o texto.

O prelado congratula-se pelo facto de os encontros iniciados por João Paulo II na cidade italiana de Assis, em 1986, continuarem “a dar fruto”, e acrescenta que o papa polaco chamou a atenção para os riscos da violência causada pela “instrumentalização da religião” e pela negação de Deus.

“Os efeitos convergentes destas duas forças negativas foram, entre outros, experimentados de forma dramática, também na cidade de Sarajevo, na guerra que teve início há 20 anos, levando a morte e a destruição aos Balcãs”, frisa o cardeal.

Quando em 2011 se deslocou a Assis, 25 anos após o primeiro encontro, Bento XVI vincou que o “antídoto” à “ameaça sempre recorrente” da guerra passa pela “aliança entre pessoas religiosas e pessoas que não se sentem pertencentes a nenhuma tradição religiosa” mas que se empenham “na procura sincera da verdade”

Os membros das comunidades religiosas que participam na iniciativa reúnem-se hoje à tarde em locais separados no centro da cidade de Sarajevo, convergindo depois em procissão para uma praça onde serão proferidos discursos e testemunhos.

A leitura, assinatura e entrega do ‘Apelo pela Paz 2012’, seguido na procissão final, encerram o encontro dedicado ao tema ‘Viver juntos é o futuro - Religiões e Culturas em Diálogo’ , no dia em que passam 11 anos sobre o ataque às torres gémeas do World Trade Center, em Nova Iorque.

A Comunidade de Santo Egídio, fundada em Itália no ano de 1968, é um movimento de leigos católicos que, segundo a sua página, tem mais de 50 mil membros em 70 países.