Delegação da Santa Sé intervém no Comité de controlo da Convenção sobre Direitos Infância

Delegação da Santa Sé intervém no Comité de controlo da Convenção sobre Direitos Infância

Está em curso em Genebra de 13 a 31 deste mês, a 65ª sessão do Comité da ONU para os Direitos da Criança, Convenção a que a Santa Sé aderiu em 1989, em nome do Estado do Vaticano, e ratificou em 1990.

O objectivo desta sessão é examinar os relatórios apresentados por alguns Estados tais como Rússia, Alemanha, Santa Sé, Portugal, Congo e Yemen.

Uma delegação da Santa Sé, chefiada por Dom Silvano Tomasi, observador permanente da Santa Sé na sede da ONU em Genebra, intervém hoje nessa sessão para debater o seu relatório e dar ulteriores informações de integração, como sugerido por um grupo de ONGs.

Como é sabido a Convenção dos Direitos das Crianças vincula os 193 Estados signatários a tomar as medidas necessárias para proteger as crianças de perigos e pôr o seu bem-estar acima de tudo.

O Comité é o órgão de controlo e monitorização da aplicação da Convenção por parte dos Estados e é constituído por 18 membros, (peritos independentes) eleitos pelos próprios Estados, 9 por dois anos, e outros 9 para quatro anos.

O Comité estuda os relatórios e pode pedir ulteriores informações, sendo tudo debatido com os Estados membros, refere o porta-voz da Santa Sé, P. Federico Lombardi, fazendo notar que o Vaticano apresentou o seu primeiro relatório em 1994, e outro em 2011.

Na sequência de sugestões da parte do grupo de ONGs que fazem avaliações alternativas, e que lhe pediram ulteriores informações, a intervenção de hoje da delegação do Vaticano é precisamente para debater o relatório e pôr à disposição elementos integrativos.

O porta-voz da Santa Sé, P. Federico Lombardi faz notar que o Papa Francisco tem manifestado sempre nas suas actividades muita sensibilidade em relação às crianças.

Por seu lado, D. Tomasi, em entrevista à Rádio Vaticano, disse que esta intervenção é um momento útil para os Estados se empenharem em reforçar os direitos das crianças.

Questionado sobre as críticas feitas à Santa Sé a respeito das crianças, D. Tomasi respondeu que embora seja fácil criticar, por vezes as críticas têm fundamento; que qualquer crime é um mal, especialmente quando envolvem crianças; acrescentou, todavia, que acusar a Santa Sé de impedir a actuação da justiça, parece-lhe não ter nenhum fundamento, pois que a Santa Sé apoia o direito e o dever de cada Estado de perseguir qualquer crime contra menores. Por isso, não tem sentido qualquer crítica segundo a qual a Santa Sé procura interferir, impedindo o percurso da justiça. Antes pelo contrário: faz com que - conforme o desejo do Papa Francisco – que haja sempre transparência e justiça.

A propósito das perspectivas futuras sobre o tema de infância em debate na capital suíça, D. Tomasi disse que a Santa Sé está empenhada em pôr em práticas as suas obrigações internacionais relativas aos direitos da criança. “A Santa Sé – disse – tomará na devida consideração as observações, os comentários, as sugestões que o Comité de Peritos da Convenção fizer. Deste modo promoverá não só a actuação da Convenção como também uma atenção mais afinada e mais eficaz em matéria de protecção das crianças.

O Papa Francisco – referiu ainda D. Tomasi – já anunciou a criação duma Comissão para protecção dos menores: as indicações do Comité de Genebra serão atentamente estudadas por esta nova Comissão do Vaticano para a infância por forma a reforçar em todas as frentes o serviço generoso que as igrejas locais já estão a prestar às crianças. Por outro lado a Santa Sé fará tudo no seu território e no que lhe compete no campo internacional no sentido de apoiar em tudo o que pode ajudar realmente à formação, protecção e são crescimento dos menores do mundo inteiro.