O politico Abel Epalanga Chivukuvuku, antigo deputado pela UNITA, anunciou publicamente a cessação da sua militância no partido, para liderar uma nova formação política nas próximas eleições gerais.O anúncio foi feito numa das unidades hoteleiras de Luanda, que acolheu muita gente ávida de saber o que o antigo chefe da bancada parlamentar da UNITA tinha como proposta de governação para o país.
Com 54 anos, dos quais 38 como militante da UNITA, Abel Chivukuvuku nunca escondeu a sua ambição de se candidatar à Presidência da República e, durante a cerimónia, disse ter chegado o momento de avançar com aquilo que considerou como "terceira via ou opção".
Abel Chivukuvuku anunciou o seu novo partido: Convergência Ampla de Salvação Nacional (CASA), "um amplo movimento de cidadania, constituído e aberto à participação de distintas forças políticas independentes de renome nacional e internacional e movimentos cívicos".
Chivukuvuku disse ter sido "com mágoa, mas sobretudo com determinação", que foi forçado a abandonar a UNITA para "trilhar um novo caminho". E acrescentou: "cesso a partir de hoje a minha militância na UNITA. Para quantos acompanharam os últimos desenvolvimentos à volta da minha pessoa, sabem que não me restava alternativa", justificou o político.
Abel Chivukuvuku disse ter saído do partido fundado por Jonas Savimbi porque não pode "negar à pátria e ao povo angolano" os seus "humildes préstimos para o potenciamento de uma oportunidade, a criação de uma via melhor, uma nova esperança".
Num ano em que se realizam eleições, Chivukuvuku defendeu a alteração da actual representatividade no Parlamento, cuja maioria, sublinhou, é asfixiante. "Neste ano de 2012 é preciso mudar. Lanço este apelo aos angolanos: é preciso mudar!Na pior das hipóteses, e como realista que sou, acho que seria no mínimo e a todo o custo desejável acabar com a actual maioria asfixiante", disse.
Por outro lado Chivukuvuku agradeceu a todos os seus antigos companheiros que caminharam ao seu lado nestes 38 anos: "para todos, o meu obrigado por tudo o que partilhamos e tudo o que me ensinaram". Deixou também uma mensagem aos seus opositores políticos: "para aqueles que durante ou em parte destes 38 anos foram meus adversários, fica a minha palavra de compreensão. É hoje um facto universal o entendimento de que a humanidade deve o progresso àqueles que, em etapas e contextos específicos, questionaram, discordaram e divergiram".
Não foram permitidas perguntas dos jornalistas presentes ao acto, pelo que não foi possível saber mais pormenores sobre o novo partido de Abel Chivukuvuku, nomeadamente no que se refere à composição da direcção.
Um dia antes, o vice-presidente da UNITA desdramatizou a decisão de Abel Chivukuvuku, afirmando que a saída do antigo deputado não traz nenhuma consequência negativa ao maior partido da oposição nas eleições gerais.
Ernesto Mulato, que falava à imprensa a propósito do 46.º aniversário da UNITA, assinalado na terça-feira, disse que, durante o seu percurso, o partido já conheceu várias dissidências, mas nem por isso desapareceu da cena política.
Para justificar a afirmação segundo a qual o abandono de Abel Chivukuvuku não traz consequências negativas à UNITA, Ernesto Mulato apontou os exemplos de Miguel Nzau Puna e Tony da Costa Fernandes, ambos co-fundadores do partido, que em 1992 decidiram abandonar Jonas Savimbi.







