Mbanza Kongo vai acelerar o turismo depois da elevação a património da humanidade

Mbanza Kongo vai acelerar o turismo depois da elevação a património da humanidade

A antropóloga Ana Maria de Oliveira, ministra da Cultura de 1994 a 1999, é uma das incentivadoras do projecto de inscrição de Mbanza Kongo como Património da Humanidade. Em entrevista ao Jornal de Angola, Ana Maria de Oliveira, disse que “fomos tomando consciência dos valores inerentes à Independência, à  Nação, à Identidade Cultural.Com a Independência Nacional, Angola aderiu a organismos internacionais no âmbito dos órgãos da Nações Unidas. Foi o caso das UNESCO. Este órgão da ONU constituiu para nós um autêntico veículo de aquisição de conhecimentos no que se refere às questões culturais. Associada a esta aprendizagem, fomos interiorizando a nossa realidade, unidade na diversidade. Os diferentes contextos culturais, com a sua história, as suas dinâmicas sócio-culturais muito próprias, hábitos e costumes diferenciados. No concerto das nações era muito importante firmar e difundir a nossa identidade, a nossa realidade muito específica. A inscrição de Mbanza Kongo como Património Mundial representa para mim a concretização de um dos muitos sonhos que pretendia alcançar”.

A escolha de Mbanza Kongo, o antigo Reino do Kongo era uma das dinâmicas sociais mais estudada mundialmente, principalmente por peritos exógenos ao próprio Reino do Kongo. Era uma entidade que exercia autêntico fascínio na comunidade académica, principalmente de países com experiências de colonização. Foi assim que se convocaram reuniões de peritos, visitas de estudo a Mbanza Kongo e aos principais sítios de referência relacionados com o antigo Reino do Kongo. 

O trabalho começou com o projecto de Nação que inicia com a Proclamação da Independência pelo Dr. António Agostinho Neto, com a dedicação abnegada do Presidente José Eduardo dos Santos, todos os secretários de Estado e ministros da Cultura da República de Angola, os governadores da Província do Zaire e obviamente os quadros do então Conselho Nacional de Cultura, da Secretaria de Estado da Cultura e do Ministério da Cultura nas suas diferentes etapas. A Comissão Nacional para a UNESCO merece uma referência especial em todo esse processo.

Ana Maria de Oliveira na entrevista frisou que alcançada a meta da elevação de Mbanza Kongo a Património da Humanidade, grandes desafios se colocam, em primeiro lugar, às instituições ligadas ao projecto (Ministério da Cultura e Governo da Província do Zaire), à Comissão de Gestão do Sítio instituído pelo Presidente da República, a todos os angolanos que tomaram consciência deste projecto, tanto para o nosso país como para outros países que integravam o antigo Reino do Kongo, para a diáspora angolana, para a comunidade científica nacional e internacional que investigou e investiga sobre o antigo Reino do Kongo. O turismo cultural é um dos aspectos a desenvolver no projecto de Mbanza Kongo - Património Mundial, devendo acautelar-se as mais diversas variáveis inerentes a um projecto de desenvolvimento, tendo em conta as vertentes social, económica e cultural. Devolvermos a dignidade das instituições ligadas às formações sociais da nossa ancestralidade, valorizando-as e restituindo-lhes a importância que lhes foi subtraída pela colonização, dando-lhes a projecção que merecem.