Espanha vence Euro 2012

eA selecção espanhola está, definitivamente, no panteão dos imortais do futebol. Este domingo, em Kiev, num jogo bem arbitrado pela equipa portuguesa liderada por Pedro Proença, dominou por completo a Itália na final do Euro 2012, e tornou-se a primeira selecção a somar o terceiro título consecutivo, fazendo a ligação dos dois campeonatos da Europa (2008 e 2012) com o Mundial 2010. Fê-lo numa tremenda demonstração de qualidade, na final mais desnivelada de sempre (em Euros e Mundiais), diante de um adversário que acumulou opções estratégicas erradas e azares para receber um castigo pesado.

A expectativa pela excelente exibição de futebol ofensivo da Itália diante de Inglaterra e Alemanha, e pelas dificuldades criadas pela «squadra azzurra» a esta mesma Espanha na fase de grupos (1-1) alimentavam a ilusão de uma final equilibrada. Mas foi engano: a entrada pressionante da Itália, nos minutos iniciais, cedo deu início a um recital da «roja», que esperou pelo momento decisivo para exibir a melhor versão de si mesma.


Sem ponta-de-lança fixo, com Fabregas a alimentar o carrossel entre Iniesta, David Silva, Xabi Alonso e os laterais, a Espanha beneficiava também do aparecimento de Xavi, que jogou em Kiev como ainda não tinha jogado neste Europeu.


O médio do Barcelona deu o primeiro aviso, com um remate da meia lua que passou perto da trave de Buffon. Pouco depois, aos 14 minutos, envolveu-se numa série de passes que permitiu a Fábregas ganhar a linha de fundo a Chiellini. O cruzamento atrasado encontrou a cabeça de David Silva, com Buffon fora do lance e embalou a Espanha para uma vitória anunciada, quanto mais não fosse pela sequência de nove jogos sem golos sofridos em partidas a eliminar, desde 2008.


O 1-0 obrigava a Itália a correr ainda mais riscos e, ao contrário do que sucedera com o 3x5x2 da fase de grupos, o 4x4x2 losando apresentado por Prandelli tinha o inconveniente de obrigar Pirlo a estacionar junto dos centrais, face à pressão alta do meio-campo espanhol, quebrando a espinha às saídas italianas para o ataque, que tantos problemas tinham criadas à Alemanha.


Com Balotelli à pesca entre os centrais de Espanha, o azar italiano acentuou-se com a lesão de Chiellini, que obrigou Prandelli a queimar a primeira substituição aos 21 minutos. Um momento que viria a ter consequências na final já que, ainda antes do intervalo, Jordi Alba concluiu um passe perfeito do seu futuro colega de equipa, Xavi, para bater Buffon com um remate rasteiro.


A reviravolta italiana era, dadas as circunstâncias, pouco mais do que uma miragem, e as opções de Prandelli, trocando o generoso Cassano por Di Natale ao intervalo, e logo a seguir Montolivo por Thiago Motta em nada reforçaram essa possiblidade. Com a Espanha a ameaçar o terceiro golo, a desgraça italiana acentuou-se com a lesão muscular de MOtta, que obrigou a sua equipa a jogar 30 minutos com um homem a menos.


Mesmo sem acelerar, a Espanha saboreou a certeza do título com a fluidez habitual da troca de passes, e acabou por consumar a goleada nos minutos finais, pela acção de dois suplentes de ouro. O 3-0 pertenceu a Torres, que com o seu golo se tornou o melhor marcador do Europeu, pelo critério de tempo jogado, e se tornou o primeiro homem a marcar em duas finais. O quarto e último, castigo pesado para uma «squadra» à deriva, surgiu pelos pés do recém-entrado Mata, a passe do seu colega de equipa no Chelsea. Uma dupla que acumula os títulos de campeões europeus de clubes e selecções, juntando mais um pequeno recorde a uma selecção orientada pelo homem que, com este sucesso, passa a ser o único treinador a acumular títulos de campeão mundial, europeu e Liga dos Campeões.