Jamaica a ferro e fogo. Guerra entre polícia e cartel de droga corta acessos ao aeroporto

jamaicaOs acessos ao aeroporto da capital jamaicana, Kingston, foram hoje bloqueados na caça ao homem que corre a cidade para capturar o chefe de cartel de droga Christopher "Dudus" Coke.

As forças de segurança da Jamaica lançaram uma grande operação sobre o refúgio daquele barão da droga, na zona dos Tivoli Gardens, encontrando forte resistência de gangues armados - do que resultou a morte de quatro pessoas (dois polícias, um soldado e um civil) nos últimos três dias.

Durante toda a noite foram ouvidos tiros e explosões conforme as tropas e a polícia avançavam a nova fase da operação, iniciada ontem pelo meio-dia.

O "exército" de Coke mantém uma defesa cerrada do terreno, tentado evitar a sua captura e extradição para os Estados Unidos, onde é acusado de crimes de tráfico de droga e de armas, incorrendo em pena perpétua se for condenado. A justiça norte-americana descreve este homem como um dos mais perigosos barões da droga em todo o mundo.

O correspondente da BBC em Kingston, Nick Davis, relata haver testemunhos apontando que existem espalhados nas ruas corpos de vítimas mortais dos mais recentes combates, de ontem para hoje. São reportados também incidentes de violência em outras partes da capital - desde sexta-feira passada com duas zonas em estado de emergência - e é temido um espalhar dos tumultos.

Os Estados Unidos emitiram um aviso para todos os seus cidadãos aconselhando a que não viajem para Kingston e confirmaram que os acessos ao Aeroporto Internacional Norman Manley estão a ser bloqueados intermitentemente devido às "batalhas entre a polícia e elementos criminosos". "Há a possibilidade de a violência se espalhar para lá de Kingston", sublinhava ainda em comunicado o Departamento de Estado norte-americano.

Ao fim de várias horas de caça a Coke, o ministro jamaicano da Segurança, Dwight Nelson, precisou que os soldados em operação conjunta com a polícia tinham já passado as barricadas montadas pelos gangues em volta de Tivoli Gardens e estavam a fazer buscas casa a casa. "O objectivo é executar o mandado de extradição e deter [Coke] para que este possa ser levado a tribunal", apontou, citado pela BBC online.

Coke, de 41 anos, diz ser um líder da comunidade e os seus apoiantes descrevem-no como alguém que está a desempenhar um papel no qual o Governo falha - dar dinheiro às populações para sustentarem as suas famílias. As autoridades dão-no como líder do gangue "Shower Posse", numa referência à quantidade de balas que são usadas nos tiroteios em que se envolvem, e asseveram que Coke opera uma vasta rede internacional de tráfico de droga e armamento, além de ser responsável por vários homicídios na Jamaica e nos Estados Unidos.