Maior central sindical da África do Sul inicia congresso para recuperar confiança perdida

Maior central sindical da África do Sul inicia congresso para recuperar confiança perdida

A sul-africana COSATU inicia hoje em Midrand um congresso, dominado pela tragédia dos mineiros de Marikana e pela tentativa de recuperar a confiança dos trabalhadores, que veem na maior central sindical do país um aliado do Governo ANC.

Analistas políticos sul-africanos descreveram os confrontos de Marikana, que resultaram em dezenas de mortos e feridos em agosto, como "um sério aviso para a COSATU" e um sinal claro do gradual distanciamento entre os sindicalistas, demasiado próximos do poder devido à coligação com o Congresso Nacional Africano (ANC, no poder desde 1994) e os trabalhadores

Muitos milhares de mineiros dos produtores de platina da região e Rustenburg deixaram nas últimas semanas de dialogar com as administrações através do "histórico" Sindicato Nacional dos Mineiros (NUM), filiado na COSATU, optando por nomear representantes próprios nas negociações com as empresas e os órgãos do Estado.

Em várias minas de ouro, a leste e noroeste de Joanesburgo, os delegados sindicais do NUM foram "escorraçados" pelos trabalhadores.

Na sexta-feira em Joanesburgo, o secretário-geral da COSATU, Zwelinzima Vavi, defendeu que um dos grandes temas a ser debatido no congresso é "um regresso às origens" dos sindicalistas, que terão de receber uma formação mais cuidada nas relações com os trabalhadores e na sua interação diária com eles.

Mas, ao mesmo tempo que aquece a "batalha" pela eleição dos órgãos dirigentes do partido no poder - que se desenrolará em Mangaung em dezembro próximo -, os dirigentes da COSATU, que têm assento nos órgãos decisórios do ANC, desdobram-se em manobras com os 'lobbies' pró e anti-Presidente Zuma, descurando a saúde interna do movimento laboral.

Este congresso determinará se a COSATU está mais interessada no papel de defensor dos trabalhadores sul-africanos ou na sobrevivência do "casamento" com o poder político.

AP.

Lusa/fim