Violência religiosa levou 190 pessoas à prisão no Egipto

Violência religiosa levou 190 pessoas à prisão no Egipto

A polícia deteve nesta segunda-feira 190 pessoas por intolerância religiosa no Cairo. Entre elas estava o marido de uma mulher cristã convertida ao islamismo. A suspeita de que ela tivesse sido sequestrada incendiou choques entre muçulmanos e cristãos coptas. Desde sábado, quando a agitação começou, 12 pessoas morreram (seis de cada lado) e 220 ficaram feridas, inclusive por tiros.

O confronto aconteceu quando grupos de muçulmanos atacaram a igreja de Mar Mina. Eles acreditavam que os cristãos mantinham presa no local uma mulher que tinha se convertido ao Islão para se casar com um jovem muçulmano. Ao final dos conflitos, que chegaram a reunir 2.000 fiéis de ambas religiões, as autoridades concluíram que a tal mulher nunca havia passado pela igreja copta. O caso lembra um episódio de Março deste ano, quando o romance entre uma muçulmana e um jovem cristão provocou o incêndio de um templo e a morte de 13 pessoas.

A questão religiosa no Egipto - No Egipto, havia uma animosidade religiosa que ficava relativamente suprimida pela mão de ferro de Hosni Mubarak: a disputa entre cristãos coptas e muçulmanos. A explosão desse conflito será uma nova dificuldade com que o povo egípcio terá que lidar em sua transição para a democracia.

Entre os muçulmanos, imensa maioria no país, existe uma corrente chamada salafi, uma das mais rigorosas do Islão e que a cada dia está ganhando mais terreno no Egipto. Acredita-se que essa vertente esteja envolvida nos embates do último fim de semana. Os cristãos egípcios, maioritariamente coptas, representam 10% da população do país, calculada em cerca de 75 milhões de habitantes.

A Igreja Copta do Egipto foi a primeira comunidade cristã do Oriente Médio e está no país desde o século I. Mas os dias difíceis de seus membros começaram apenas em 1952, com o golpe de Estado que trouxe Gamal Abdel Nasser ao poder. No governo, como parte de uma política nacionalista, Nasser impôs uma série de restrições ao grupo minoritário - mirando principalmente os cristãos ricos - que passou a ter que pedir permissão ao estado para construir templos, por exemplo. O preconceito contra os coptas também vem crescendo de lá para cá e ataques às suas igrejas, como o do último final de semana, são comuns.