O eterno Mugabe

O eterno Mugabe

O presidente do Zimbabué, o mais velho chefe de Estado do mundo em funções, celebra esta terça-feira 93 anos, com a intenção expressa de continuar a reinar sobre os destinos do país, que conduz desde 1980.

Numa entrevista onde na qual são evidentes os sinais da idade avançada do dirigente, Robert Mugabe assegura que será novamente candidato à sua reeleição nas presidenciais de 2018, já que, segundo ele, a “maioria da população acredita que não existe um substituto ou sucessor aceitável”.

Nascido a 21 de fevereiro de 1924, ainda na antiga Rodésia, uma colónia britânica, Robert Mugabe, tem por hábito apagar celebrar o aniversário rodeado dos seus ministros e colaboradores mais próximos. Tem também por hábito afirmar: “Só o meu partido me pode pedir para me retirar”.

Mas o partido, o Zanu PF, já o designou como candidato para um novo mandato.
A constituição foi convenientemente reformada em maio de 2013, para lhe permitir mais dois mandatos consecutivos.

Os sinais de envelhecimento são, apesar de tudo, visíveis. Em 2015, Mugabe leu duas vezes seguidas o mesmo discurso, em ocasiões diferentes, no espaço de um mês, sem se dar conta e protagonizou várias quedas em público.

O país vai decaindo ao mesmo tempo que o líder. A crise económica persiste e agrava-se desde 2002. Asfixiada pela falta de liquidez, a economia do Zimbabué funciona ao ralenti e 90% da população não tem um emprego oficial.
Na semana passada, o ministério das Finanças voltou a anunciar uma taxa de mais 15% sobre os produtos alimentares de base.

Em Novembro de 2016, para tentar dar um certo fôlego a uma economia moribunda e evitar a fuga de dólares do país, o governo lançou uma nova divisa indexada ao dólar americano, que era a moeda oficial. Mas a introdução dessa divisa não está a ter os efeitos esperados.

Os zimbauanos temem o regresso da hiperinflação que sofreram em 2009, quando as notas de cinco mil milhões de dólares eram a moeda corrente, mas parecem dispostos a manter Mugabe no poder. Segundo a esposa do presidente, Grace Mugabe, nem a sua morte mudará o resultado da eleição de 2018. “Se ele morrer”, afirma, o seu cadáver será candidato e as pessoas continuarão a votar em Mugabe.