Último relatório sobre massacre na Guiné-Conakry iliba capitão moussa câmara de autoria dos crimes.

mousa060210O presidente da Organização Guineense dos Direitos Humanos (OGDH), Thierno Maadjou Sow, qualificou de "cínica" a conclusão da Comissão de Inquérito Nacional sobre o Massacre de 28 de Setembro último, que ilibou o então líder da junta, o capitão Moussa Dadis Camara, e outros membros do mesmo regime.

Sow indicou à imprensa que algumas horas após a publicação  deste relatório de 69 páginas que a sua instituição aguardava pelo resultado fornecido pelos investigadores designados pelos decisores públicos.

Esta comissão trabalhou durante 90 dias para situar as responsabilidades, nomeadamente as do capitão Dadis Camara e dos seus homens, pelo massacre ocorrido durante uma manifestação pacífica da oposição, organizada no maior estádio de Conakry, capital.

"Os verdadeiros carrascos foram absolvidos. Não estamos surpreendidos. É por isso que nos recusámos a participar nesta comissão, à semelhança da criada durante o massacre de Janeiro-Fevereiro de 2007", explicou.

Ao parafrasear um filósofo rússo, o presidente da OGDH disse que, mesmo se morresse uma só pessoa, a situação seria grave pois, frisou, "esta única pessoa pode ser a esperança duma família ou de todo um povo".

A Comissão Nacional de Inquérito inculpou o tenente Aboubacar "Toumba" Diakité, ex-ajudante de campo de líder da junta, que tentou assassinar, a 3 de Dezembro último, o seu chefe o capitão Dadis Camara.

Segundo o relatório, apenas 58 manifestantes da oposição foram mortos contra 156 vítimas apresentadas pelas Nações Unidas e por várias Organizações Não Governamentais (ONG).

Estas organizações denunciaram igualmente vários casos de violações sexuais em pleno dia no maior estádio do país onde opositores iam manifestar-se para denunciar uma eventual candidatura do líder da junta às eleições presidenciais.

No âmbito da "reconciliação nacional", a comissão pediu aos decisores públicos para amnistiarem os líderes políticos acusados, depois dos acontecimentos, de ter provocado a morte "de inocentes pessoas" apesar da proibição da manifestação.

Uma equipa de três juízes internacionais designados pelo Secretário-Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, liderada pelo Argelino Mohamed Bedjaoui, realizou, em Dezembro último, um inquérito em Conakry no quadro do qual interrogou mais de uma centena de pessoas.

Nas suas conclusões, a equipa onusina pôs em causa o capitão Dadis Camara, o seu ajudante de campo e dois influentes membros do Conselho Nacional para a Democracia e Desenvolvimento (CNDD), a junta no poder desde 23 de Dezembro de 2008.