Dilma defende urgência na reforma da ONU

Dilma defende urgência na reforma da ONU

A presidente Dilma Rousseff defendeu ontem, no discurso de abertura da 67ª Assembleia-Geral da ONU, a urgente reforma dessa instituição. “A crise iniciada em 2008 mostrou que é necessário reformar os mecanismos de governança econômica. As guerras e os conflitos regionais mais intensos, com trágicas perdas de vidas humanas e enormes prejuízos materiais demonstra a imperiosa urgência de reforma institucional da ONU e de seu Conselho de Segurança”, disse a presidente, arrancando aplausos da plateia. Ainda na defesa da reforma do Conselho da ONU, Dilma alertou para o fato dele estar sendo substituído por coalizões que se formam à sua revelia, fora de seu controle e às margens do direito internacional. “É clara a ilegalidade e essa não é uma opção aceitável”, ressaltou a presidente em seu discurso. E destacou: “O Brasil lutará para que prevaleça as decisões legítimas da ONU.”

Em sua intervenção, Dilma afirmou que o multilateralismo está mais forte depois da Rio+20 e que o evento realizado no Brasil consolidou um novo paradigma para os países: o crescimento sustentável. “Crescer, incluir, proteger e preservar é a síntese do crescimento sustentável”, afirmou.

Dilma lembrou que o documento assinado na Rio+20 foi aprovado por consenso e preserva o legado do evento de 1992 e que é preciso ouvir os alertas da sociedade. “Temos a obrigação de ouvir os repetidos alertas da ciência e da sociedade”, ressaltou

No discurso, Dilma afirmou que o Brasil está comprometido com o combate ao desmatamento e com o controle de emissões. Ela apelou para que os países desenvolvidos tenham esse mesmo compromisso e cumpram com suas obrigações em relação à comunidade internacional. “Países mais responsáveis pela mudança do clima devem cumprir suas obrigações”, disse.

Fim de embargo

Dilma Rousseff pediu ontem o fim do embargo econômico contra Cuba. De acordo com ela, o arquipélago comunista está em processo de mudança de seu sistema econômico e o embargo é um impedimento para o avanço do país. “O progresso de Cuba é prejudicado pelo embargo econômico, que prejudica a sua população”, disse, em Nova York. Referindo-se a um “país irmão”, a presidente pediu o apoio dos países-membros da ONU pelo fim do embargo econômico. “É chegada a hora de acabar com esse anacronismo do embargo”, afirmou. “Para seguir em frente Cuba precisa do apoio de todos.”

No discurso, Dilma afirmou ainda que o Brasil segue “empenhado” em trabalhar por um ambiente de democracia e paz. Disse que atuará para manter a sua região de influência livre de armas de destruição em massa e defendeu a integração entre os países da região, seja por meio do Mercosul seja pela União de Nações Sul-Americanas (Unasul). “Integração e democracia são princípios inseparáveis”, afirmou.

Emergentes

Em seu segundo discurso perante a Assembleia Geral das Nações Unidas, a presidente Dilma Rousseff disse que os países emergentes estão perdendo mercado devido à valorização de suas moedas. Segundo ela, “o mundo precisa controlar as guerras cambiais e reacender a demanda global”. Dilma afirmou que os esforços dos países emergentes para defender suas economias dos efeitos da crise global não devem ser classificados como protecionistas. “Protecionismo e todas as formas de manipulação comercial devem ser combatidos”, disse.

A presidente brasileira encerrou o discurso pedindo aos representantes dos países presentes na Assembleia-Geral respeito às diferenças, igualdade e inclusão social. Para isso, invocou o espírito olímpico. “Proponho que todas as nações se deixem iluminar pelos ideais da chama olímpica. “Proponho que todas as nações se deixem iluminar pelos ideais da chama olímpica” vista durante a Olimpíada de Londres.

Dilma citou a importância da ONU na relação entre países em um quadro mundial de multipolaridade. “É preciso que, na multipolaridade, cooperação predomine sobre confronto”, disse. “A ONU é extremamente necessária nesse cenário de multipolaridade que nós nos encontramos”, disse.