EUA vão usar a força para responder a qualquer "provocação" da Coreia do Norte

EUA vão usar a força para responder a qualquer

As autoridades dos EUA e da Coreia do Sul assinaram um acordo que torna obrigatório o envolvimento militar norte-americano na eventualidade de qualquer “provocação” ou ataque lançado pela Coreia do Norte, mesmo que não esteja em causa a possibilidade de uma guerra aberta na península coreana.

O objectivo deste novo acordo é definir os termos em que os EUA podem envolver-se militarmente sempre que a Coreia do Sul se sinta ameaçada ou seja mesmo atacada – não apenas na eventualidade de uma guerra aberta mas também em episódios isolados, como o que aconteceu em Novembro de 2010 na ilha de Yeonpyeong, quando um ataque de artilharia da Coreia do Norte contra alvos militares e civis fez quatro mortos e 19 feridos.

O plano começou a ser delineado precisamente após o incidente de Yeonpyeong , há dois anos e meio, e foi assinado pelos generais James D. Thurman, responsável máximo norte-americano na Coreia do Sul, e Jung Seung-jo, chefe do Estado-maior das Forças Armadas sul-coreanas.

O jornal The New York Times avança que o novo acordo é conhecido como "liderado pela Coreia do Sul e apoiado pelos EUA", o que deixa bem claro que tipo de envolvimento terão os dois países numa situação de confronto com a Coreia do Norte.

Não há pormenores, mas os media norte-americanos avançam que o plano define que tipo de "provocações" podem desencadear uma resposta conjunta sul-coreana e norte-americana e que resposta deve ser dada em cada uma dessas situações – funciona, acima de tudo, como mais um meio de dissuasão, para tentar refrear as ameaças das últimas semanas do regime de Kim Jong-un contra a Coreia do Sul e os EUA. Até agora, os acordos militares entre os dois países só previam a intervenção obrigatória dos EUA na eventualidade de uma guerra aberta na península.

"Este acordo permite que ambas as nações possam responder conjuntamente às provocações da Coreia do Norte, com o Sul a liderar e os EUA a prestarem apoio", declarou Kim Min-seok, porta-voz do Ministério da Defesa sul-coreano, citado pela BBC. A intenção é clara: "Terá como efeito prevenir que o Norte se atreva a provocar-nos", disse o mesmo responsável.

Um comunicado dos responsáveis militares de ambos os países, citado pelo The New York Times, limita-se a salientar os méritos das cláusulas do acordo para Washington e Seul: "Ao concluirmos este plano, melhorámos a nossa postura de prontidão conjunta para nos permitir responder imediata e decisivamente a qualquer provocação norte-coreana."

No início de Março, a Coreia do Norte acusou os Estados Unidos de quererem provocar uma guerra nuclear e ameaçou Washington com um "ataque nuclear preventivo".

A ameaça – que marcou mais uma escalada na retórica belicista de Pyongyang – foi feita horas antes de uma votação no Conselho de Segurança das Nações Unidas, que visou reforçar as sanções contra a Coreia do Norte como represália contra o terceiro teste nuclear do país, realizado a 12 de Fevereiro.

Os 15 membros do Conselho de Segurança (incluindo China e Rússia) acabariam por aprovar por unanimidade o reforço das restrições financeiras à Coreia do Norte e o aumento da vigilância para controlar os bens e as mercadorias que entram e saem do país.

Em resposta, a Coreia do Norte anunciou o rompimento dos acordos de não-agressão com a Coreia do Sul e o corte do "telefone vermelho" entre os dois países. Numa deslocação à fronteira marítima entre os dois países, o líder norte-coreano, Kim Jong-un, disse que o Exército "está pronto a desencadear uma guerra total". O local da declaração não poderia ter sido mais simbólico – a unidade de artilharia que em Novembro de 2010 bombardeou a ilha sul-coreana de Yeonpyeong.