Parlamento venezuelano investiga alegada corrupção de partido da oposição

Parlamento venezuelano investiga alegada corrupção de partido da oposição

A Assembleia Nacional (parlamento) venezuelana aprovou na terça-feira a criação de uma comissão para investigar alegada corrupção do partido de direita Primeiro Justiça (PJ), liderado pelo ex-candidato presidencial da oposição Henrique Capriles Radonski.

A investigação foi proposta pelo deputado do Partido Socialista Unido da Venezuela Andrés Eloy Méndez e a aprovação teve lugar depois de várias horas de um polémico debate e troca de ofensas entre deputados do governo e da oposição.

Durante a sessão, Andrés Eloy Méndez apresentou vários documentos que disse serem provas contra Óscar López, um dirigente do PJ que é homem de confiança do líder da oposição e diretor do escritório da governação do Estado de Miranda.

O deputado acusou Óscar López de fraude fiscal e o PJ de financiamento ilegal, narcotráfico, prostituição e exploração sexual de mulheres.

Durante a sessão foram divulgadas fotos de alegada homossexualidade de Óscar López e, entre insultos, foi lida uma suposta ata policial que dava conta de que Henrique Capriles Radonski teria sido apanhado numa viatura a praticar sexo oral com outro homem. Henrique Capriles alega que esta ata foi forjada com fins eleitorais.

O deputado Pedro Carreño chegou mesmo a chamar o opositor de "homossexual" e de "maricas".

Em resposta, a oposição acusou a maioria chavista de ser homofóbica, de usar a luta anticorrupção para levar a cabo uma perseguição contra si e dissidentes políticos e de estar a fazer um espetáculo para distrair a atenção pública de graves problemas que afetam o país.

A oposição acusou ainda a direção do parlamento de pretender atacar Capriles Radonski, mas de não ter a valentia suficiente, obtendo como resposta do presidente daquele organismo, Diosdado Cabello, que "vamos chegar onde tenhamos que chegar".

"Não importa que esse senhor tenha sido candidato [presidencial] ou que seja líder da oposição", disse.

Uma vez concluída a sessão, a direção do partido PJ emitiu um comunicado condenando "a maneira como são usadas as instituições do Estado, entre elas a Assembleia Nacional, para difamar e perseguir a força da verdadeira mudança no país".

No documento, o PJ afirma que os socialistas "temem o crescimento" daquela organização da oposição e o próprio Henrique Capriles escreveu no Twitter ser "uma honra" que "corruptos" ataquem o seu partido.

Na segunda-feira, o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou que vai pedir ao parlamento poderes especiais para combater a corrupção e vai decretar uma "emergência nacional" para impulsionar esta luta.

Os poderes especiais, que terão de ser aprovados pela Assembleia Nacional, darão ao Presidente venezuelano a possibilidade de promulgar decretos sem estes terem de passar pelo parlamento.