Os senadores norte-americanos que aprovaram esta semana uma resolução que autoriza uma acção bélica na Síria receberam cinco vezes mais contribuições da indústria militar do que os legisladores que votaram contra, segundo um relatório hoje divulgado.

O documento foi desenvolvido pelo Centro para uma Política Responsável, um grupo independente sem fins lucrativos que analisa o financiamento da política norte-americana e os respectivos efeitos sobre as eleições e as decisões. As informações foram divulgadas pelo portal OpenSecrets.org e citadas pelas agências internacionais, como a espanhola EFE.

Na passada quarta-feira, a Comissão de Negócios Estrangeiros do Senado (câmara alta do Congresso norte-americano) aprovou com 10 votos a favor, sete contra e uma abstenção uma resolução que autoriza o Presidente Barack Obama a usar, de forma limitada, a força militar contra o regime sírio.

A resolução precisa ainda de ser aprovada em plenário no Senado e na Câmara de Representantes (câmara baixa do Congresso) para ser promulgada pelo chefe de Estado norte-americano.

Segundo o relatório, os 10 senadores que votaram favoravelmente e aprovaram a resolução terão recebido entre 01 de Janeiro de 2007 e 31 de Dezembro de 2012 uma média de 72.850 dólares (55.422 euros) em contribuições da indústria militar ou dos respectivos intermediários.

Os legisladores que rejeitaram a resolução terão recebido uma média de 39.770 dólares (30.213 euros) durante o mesmo período.

Em termos totais, os 10 senadores que deram o “sim” à resolução terão recebido 728.497 dólares (553.226 euros), enquanto os restantes arrecadaram 278.390 dólares (211.403 euros), segundo indicou o documento.

O senador republicano e antigo candidato presidencial John McCain, representante do estado do Arizona, que defende um maior apoio militar à oposição do regime de Bashar al-Assad, foi o político que terá recebido mais contribuições do sector militar.

De acordo com o relatório, McCain terá arrecadado 176.300 dólares (133.840 euros) em contribuições da indústria militar, seguido pelos democratas Dick Durbin, do estado de Illinois, com 127.350 dólares (96.685 euros); Timothy Kaine, Virgínia, com 127.350 dólares e Ben Cardin, Maryland, com 80.550 dólares (61.118 euros).

Esta foi a primeira votação a favor do uso da força desde Outubro de 2002, quando o Congresso aprovou a invasão do Iraque, e a quarta vez desde a guerra do Vietname.

Obama pediu autorização ao Congresso norte-americano para fazer um ataque militar para castigar o alegado uso de armas químicas por parte do regime sírio.

O ataque, realizado nos arredores de Damasco no passado dia 21 de Agosto, terá provocado 1.429 mortos, incluindo 426 crianças, de acordo com os serviços de informações dos Estados Unidos.