Obama pede o fim do "cancro da corrupção" em África

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O Presidente norte-americano, Barack Obama, exortou, esta terça-feira, a partir da tribuna da União Africana (UA), os países africanos a acabarem com o "cancro da corrupção", o principal obstáculo para o desenvolvimento do continente africano.

"Nada libertará mais o potencial económico de África do que a erradicação do cancro da corrupção", afirmou Barack Obama, o primeiro Presidente norte-americano a discursar na sede da UA, em Adis Abeba, Etiópia.

"A corrupção existe em todo o mundo", mas "em África a corrupção retira milhões de dólares das economias, dinheiro que poderia ser utilizado para criar emprego, construir hospitais e escolas", reforçou o chefe de Estado norte-americano.

"Só os africanos podem acabar com a corrupção nos respectivos países", acrescentou Obama, garantindo que os Estados Unidos irão ajudar os governos africanos que estejam determinados a combater os círculos financeiros ilícitos a tomarem medidas, de forma a promover uma boa governação, a transparência e o Estado de Direito.

O Presidente norte-americano também destacou a importância dos princípios democráticos para o desenvolvimento do continente africano.

"O progresso de África também vai depender da democracia, porque os africanos, como todas as pessoas do mundo, merecem a dignidade de serem capazes de controlar as suas próprias vidas", frisou o governante, enumerando "os ingredientes de uma verdadeira democracia: eleições livres e justas, liberdade de expressão e de imprensa e liberdade de reunião".

"Estes direitos são universais. Estão escritos nas Constituições africanas", salientou Obama, referindo que a democracia tem vindo progressivamente a estabelecer-se neste continente, citando os casos, entre outros, da Namíbia, da África do Sul ou das recentes eleições na Nigéria.

Na mesma intervenção, Obama advertiu que os líderes africanos que estão agarrados ao poder colocam em perigo o progresso democrático do continente.

"O progresso democrático em África está em risco quando os líderes se recusam em deixar o poder no final dos seus mandatos", disse o governante norte-americano.

"Ninguém deve ser presidente para a vida", acrescentou.

A partir da tribuna da UA, Barack Obama pediu ainda ao mundo para mudar a maneira como olha para África e para a abandonar os estereótipos normalmente associados ao continente africano.

"Numa altura em que África está a mudar, peço ao mundo para mudar a sua visão sobre África (...). Depois de meio século de independências, é hora de abandonar os velhos estereótipos de uma África sempre ligada à pobreza e aos conflitos", declarou Obama.

O Presidente norte-americano, que hoje termina uma ronda africana que passou pelo Quénia e pela Etiópia, afirmou igualmente que os Estados Unidos vão estar ao lado de África para fazer frente "ao terrorismo e à guerra".

"Numa altura em que África enfrenta o terrorismo e a guerra, os Estados Unidos estão do vosso lado", disse o Presidente norte-americano, diante de uma plateia composta por representantes dos líderes dos países-membros da UA.

"Com formação e apoio, vamos ajudar as forças africanas a ficarem reforçadas", referiu Obama, acrescentando que a luta contra os grupos armados que ameaçam o continente deve ser acompanhada por progressos ao nível da governação.