Morreu Ariel Sharon

Morreu Ariel Sharon

Apelidado de “bulldozer”, o ex-líder israelita Ariel Sharon fez justiça à alcunha e manifestou-se por diversas vezes orgulhoso de ser duro de roer. Morreu no final de um coma de oito anos, provocado por um AVC.

Morreu este sábado aos 85 anos o ex-primeiro-ministro israelita Ariel Sharon. O antigo primeiro-ministro de Israel estava em coma há oito anos, desde 2006, quando foi vítima de um AVC.

Apelidado de “bulldozer”, Ariel Sharon fez justiça à alcunha e manifestou-se por diversas vezes orgulhoso de ser duro de roer. Como político, teve mais do que uma vida e sobreviveu a situações que teriam acabado com as ambições de outros, mais frágeis.

O antigo militar começou como deputado do Knesset, o parlamento israelita, em 1973, mas abandonou o lugar um ano depois para ser conselheiro para a segurança de Yitzhak Rabin.

Passou depois pelo ministério da Agricultura e assumiu entre 1981 e 83 a pasta da Defesa, onde começou a ser a figura polémica que governou Israel.

A invasão do Líbano, em 1982,foi feita sem conhecimento directo do então primeiro-ministro e culminou com o que ficou para a história como os massacres de Sabra e Chatila, dois campos de refugiados palestinianos em que morreram cerca de duas mil pessoas.

A investigação que se seguiu ditou o seu afastamento da pasta e a justiça israelita considerou-o indirectamente responsável pela matança.

Para muitos teria sido o fim da carreira, mas Sharon regressou para dirigir o ministério da Construção e Habitação, e foi o responsável pela expansão dos colonatos judeus nos territórios autónomos palestinianos.

Quando Benjamin Nethanyahu ascende ao poder, em 1996, é pressionado para levar Sharon para o gabinete dos Negócios Estrangeiros, o que veio a acontecer dois anos depois.

Foi mais um passo em frente para, em 1999 conquistar justamente o lugar de Netanyahu na liderança do partido Likud, a direita israelita, e, em 2001, chegar à chefia do Governo, sucedendo a Ehud Barak.

A sua polémica visita à esplanada das mesquitas em Jerusalém marcou o início da nova intifada e também de nova turbulência nas relações com o líder da autoridade palestiniana, Yasser Arafat, que Sharon via como um obstáculo à paz no Médio Oriente.

Após a morte de Arafat, em Dezembro de 2004, Sharon insistiu no retirada dos colonatos judeus na Faixa de Gaza, o que motivou uma forte contestação popular à sua liderança.

Em Novembro de 2005, acabou por decidir-se a fundar um novo partido, o Kadima, que governou Israel durante vários anos.