Hamid Karzai "em negociações secretas com os talibãs"

Hamid Karzai

O presidente afegão contornou as autoridades ocidentais e "está a manter negociações secretas com os talibãs" para tentar alcançar um acordo político de paz.

A notícia foi avançada ontem em exclusivo pelo "The New York Times", que cita contactos com fontes próximas de Hamid Karzai e "a par destas negociações".

Os contactos secretos entre o presidente afegão e a rede de militantes islamitas estão a acontecer numa altura em que Karzai continua a recusar assinar um acordo de segurança de longo prazo que negociou com Washington para completar a retirada das tropas americanas e dos aliados do território afegão após dez anos de guerra.

Nas últimas semanas, o líder afegão também tem insistido na libertação de militantes talibãs da prisão e distribuiu o que o "New York Times" considera "provas distorcidas" de crimes de guerra perpetrados pelos Estados Unidos da América no Afeganistão.

De acordo com as fontes anónimas, Karzai não tem colhido frutos destes contactos clandestinos, adianta o diário nova-iorquino, que sublinha que estas acções ajudaram a minar a confiança que resta entre os EUA e o governo afegão, tornando o processo para se pôr fim ao conflito afegão ainda mais volátil.

As mesmas fontes "afegãs e ocidentais" dizem que foram os talibãs a iniciar estes contactos, no passado mês de Novembro, numa altura em que as tensões entre o Afeganistão e os aliados do Ocidente começavam a subir de tom. Karzai, referem as pessoas contactadas, viu no canal de comunicações uma forma de alcançar o que "os americanos não conseguem ou não querem" alcançar: o fim do conflito.

O acordo negociado entre Cabul e Washington que Karzai se recusa agora a assinar abriria caminho à manutenção de uma pequena força militar norte- -americana no país para treinar as forças de segurança afegãs e manter os esforços de contraterrorismo após o final de 2014.

Perante o finca-pé de Karzai, Barack Obama chamou ontem vários comandantes de topo das Forças Armadas à Casa Branca para estudar o futuro da missão americana no Afeganistão, avançou o mesmo jornal. Até ao fecho desta edição ainda não havia informações adicionais sobre essa reunião.