Ex-presidente arrisca-se à prisão perpétua por crimes de corrupção na Coreia do sul

Ex-presidente arrisca-se à prisão perpétua por crimes de corrupção na Coreia do sul

A antiga Presidente da Coreia do Sul Park Geun-hye compareceu hoje diante de um tribunal no arranque do seu julgamento por corrupção na sequência de um escândalo de tráfico de influências que lhe custou o cargo.

Park chegou ao Tribunal do Distrito de Seul pouco depois das 09:00 (01:00 em Luanda), escoltada por um grupo de guardas, informou a agência de notícias sul-coreana Yonhap.

Trata-se pois da primeira vez que Park aparece em público desde que foi colocada em prisão preventiva em 31 de Março.

A defesa da ex-Presidente da Coreia do Sul negou na terça-feira todas as acusações de que Park Geun-hye foi acusada na sessão preliminar do julgamento pelo papel no caso de corrupção que envolve Choi Soon-Sil.
Park, de 65 anos, cuja presença em tribunal não era anteontem obrigatória, não assistiu à primeira sessão do julgamento. O advogado Yoo Yeong-ha, que lidera a equipa de defesa, reiterou a inocência da ex-Presidente e pediu para analisar o sumário da investigação realizada pelo Ministério Público sobre o caso, que conta mais de 120.000 páginas.
O advogado argumentou que podem existir várias inconsistências e disse que o Ministério Público assumiu, durante a investigação, que Park continuou a exercer as funções presidenciais até Março, embora o parlamento a tenha destituído em Dezembro, uma decisão que o Constitucional tornaria efetiva a 10 de Março.
Esta primeira sessão destinava-se a rever as acusações contra Park e começar a estabelecer as datas para os diferentes testemunhos. O tribunal do Distrito Central de Seul, que julga o caso, deverá realizar duas ou três sessões preparatórias antes de uma primeira sessão formal prevista para Junho.
Park, em prisão preventiva desde 31 de março, está acusada de 18 crimes, incluindo revelação de segredos de Estado, coação, abuso de poder e suborno, um crime que a Coreia do Sul castiga com um mínimo de dez anos de prisão até prisão perpétua.
O Ministério Público considerou provado que Park criou uma rede com a amiga Choi Soon-sil, conhecida como a “Rasputina” pela influência exercida sobre a ex-Presidente, através da qual, entre outras coisas, solicitou e obteve subornos de pelo menos três grandes grupos empresariais, avaliados em cerca de 50 milhões de dólares.
O caso abalou os fundamentos políticos e económicos da Coreia do Sul, uma vez que entre os detidos encontram-se directores executivos de grandes empresas, incluindo o da Samsung, cujo herdeiro e vice-presidente, Lee Jae-yong, está em prisão preventiva desde Fevereiro.
Esta foi a primeira vez que a Coreia do Sul destituiu um Presidente democraticamente eleito.