França aceita receber 'embaixador' da coligação de oposição síria

França aceita receber 'embaixador' da coligação de oposição síria

O presidente francês, François Hollande, anunciou neste sábado que Paris acolherá um "embaixador" da nova Coligação opositora síria, que se comprometeu a integrar em um futuro governo todos os componentes do país.

Em terra, o exército e os rebeldes seguiam combatendo em Aleppo (norte). A aviação do exército também sobrevoava a região de Damasco, onde eram ouvidos disparos de artilharia, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH), uma ONG síria com sede no Reino Unido.

"Haverá um embaixador da Síria em França designado pelo presidente da Coligação", declarou Hollande à imprensa após um encontro de mais de uma hora com o chefe desta nova organização opositora, Ahmad Moaz al-Khatib.

Este embaixador será Monzir Majus, um opositor que formava parte da delegação síria recebida neste sábado em Paris.

"É uma das primeiras personalidades que falou de liberdade na Síria. Originalmente pertence à comunidade alauita (assim como o presidente Bashar al-Assad), mas, acima de tudo, é um homem livre que sempre trabalhou pelo povo sírio. É uma pessoa muito competente, que tem quatro doutorados", declarou Ahmad Moaz al-Khatib.

Durante a reunião, Al-Khatib garantiu que o futuro governo que será formado pela oposição incluirá "todas as correntes da Síria", entre elas "os cristãos e os alauitas", acrescentou Hollande.

Ahmad Moaz al-Khatib declarou que não vê nenhum obstáculo para a formação deste governo de transição.

"Não há problemas. A Coligação existe e vamos pedir candidaturas para formar um governo de tecnocratas que trabalhará até a queda do regime", disse.

Antes de anunciar que Paris acolherá um embaixador da oposição síria, Hollande reconheceu no início desta semana a coligação recém criada no Qatar.

Até o momento, os únicos países que reconheceram esta coalizão como representante do povo sírio são as monarquias do Golfo, França e Turquia.

Quanto às reticências dos aliados ocidentais da França e, em particular, de seus sócios europeus para reconhecer a nova coligação como único interlocutor sírio, o presidente francês indicou que continuará com seu trabalho de persuasão.

"O trabalho de convencimento dos países europeus e da União Europeia" continuará, ressaltou. "Penso que muitos países seguirão a posição da França", acrescentou Hollande.

Segundo a presidência francesa, François Hollande e Ahmad Moaz al-Khatib também discutiriam os "caminhos e maneiras de assegurar a proteção das zonas libertadas" e a ajuda humanitária aos refugiados.

Em suas declarações à imprensa, nenhum dos dois falou sobre as zonas libertadas, nem sobre a possibilidade de entregar armas à oposição.

"Não quero subestimar a importância desta questão", declarou o presidente francês, mas "a discussão irá ocorrer no seio da União Europeia".

Até o momento, o embargo europeu sobre as armas destinadas à Síria proíbe qualquer possibilidade de armar os opositores sírios.

Os chefes da diplomacia da União Europeia devem se reunir na segunda-feira em Bruxelas. Paris, que pede uma exceção ao embargo às armas se elas forem defensivas, quer levantar o tema na reunião.

Por sua vez, Hollande sustentou que uma ajuda militar "apenas pode ser fornecida no âmbito da comunidade internacional para a proteção da população civil" e, "quando houver um governo alternativo que possa delimitar suas zonas, pedirá o apoio e esta proteção".

Enquanto isso, em Aleppo, dois rebeldes morreram neste sábado durante os combates com o exército.

No noroeste da cidade, um carro-bomba explodiu após confrontos no bairro de Liramun, disse o OSDH, que se informa através de uma rede local de militantes e médicos.

Na sexta-feira, 119 pessoas morreram de forma violenta na Síria, entre elas 42 soldados, 49 civis e 28 rebeldes, segundo um balanço do OSDH.

O Observatório afirma que mais de 39.000 pessoas morreram desde o início do conflito, em março de 2011.