Rússia abre válvulas de novo trecho de oleoduto

Rússia abre válvulas de novo trecho de oleoduto

A Rússia, dependente da exportação de energia, iniciou, nesta terça-feira, as atividades da segunda ramificação do oleoduto Sibéria-Pacífico, com o objetivo de abrir os mercados asiáticos e americano ao petróleo bombeado do rico subsolo da Sibéria.

Este trecho de mais de 2.000 km liga Skovorodino (região de Amur, Extremo Oriente russo) a Baía de Kozmino, na costa russa do Mar do Japão, e terá inicialmente uma capacidade anual de 30 milhões de toneladas de petróleo.

A tubulação transportará 50 milhões de toneladas por ano para o porto industrial de Kozmino, até o momento alimentado por trem, de acordo com a Transneft, a empresa pública responsável pelo transporte de petróleo da Rússia.

A primeira seção do gasoduto tem 2.694 km e uma capacidade de 30 milhões de toneladas de petróleo por ano, liga Taishet (Sibéria Oriental) a Skovorodino e está em funcionamento desde dezembro de 2009.

O comissionamento do segundo trecho dota a Rússia "de uma rede de oleodutos que liga o Báltico ao Pacífico", ressaltou o presidente da Transneft, Nikolaï Tokarev.

Também "irá expandir consideravelmente a capacidade de infra-estrutura e aumentará o desenvolvimento das regiões do Extremo Oriente russo", declarou o presidente Vladimir Putin, citado pelas agências de notícias russas, após a cerimônia de abertura.

"Este é um evento importante", insistiu.

O petróleo e produtos petrolíferos são responsáveis por metade das exportações e receitas do orçamento federal da Rússia, maior produtor do ouro negro do mundo junto com a Arábia Saudita.

Quando a crise econômica diminui a demanda da Europa, Moscou depende muito da Ásia, a locomotiva do consumo de energia nos últimos anos, para diversificar seus mercados.

Uma rede de 930 km que liga a primeira seção do oleoduto Sibéria-Pacífico as refinarias da cidade chinesa de Daqing, no nordeste, está em funcionamento desde o início de 2011.

Mas, com o segundo trecho, a Rússia quer atingir todo o Pacífico. Vladimir Putin ressaltou que uma vez carregado nos reservatórios, o petróleo siberiano irá para a China, Japão, Coreia do Sul, Cingapura, Filipinas e Taiwan, mas também para os Estados Unidos.

Actualmente, 35% do petróleo que transita pelo porto de Kozmino parte para os Estados Unidos, maior consumidor de petróleo do mundo, indicou o presidente Nikolai Tokarev.

Cerca de 30% do ouro negro vai para o Japão, de 25% a 28% para a China e o resto para Singapura, Malásia e Coreia.

"Acho que as proporções vão permanecer as mesmas", argumentou o líder.

A Transneft espera aumentar a quantidade de petróleo exportado por Kozmino de 15,6 milhões de toneladas este ano para 21 milhões de toneladas no próximo ano e 30 milhões de toneladas até 2015.

Para o analista Vyacheslav Bounkov, da empresa de investimentos Aton, as exportações para os Estados Unidos "não pode representar mais do que algumas cargas, se necessário".

"Mas não acredito que vá se tornar um grande destino", acrescentou.

"O oleoduto Sibéria-Pacífico é orientado principalmente para o Japão, Coreia, China", considerou.

Esses países asiáticos são os mercados mais dinâmicos. Na China devido ao forte crescimento econômico, e no Japão devido ao desligamento de usinas nucleares depois do desastre de Fukushima.

Nos Estados Unidos, o consumo continua bem abaixo dos níveis anteriores à crise financeira de 2008, além disso, a produção de petróleo do país tem aumentado nos últimos anos.

A Rússia representou em 2011 apenas 5% das importações de petróleo bruto dos Estados Unidos, mas essa participação quase dobrou em cinco anos, de acordo com estatísticas do governo americano.

"Nos Estados Unidos, as necessidades petrolíferas russas estão relacionados a problemas de logística", explicou o analista Valery Nesterov, da Asset Management Sberbank.

As infra-estruturas petrolíferas americanas estão principalmente concentradas na costa leste dos Estados Unidos, particularmente em torno do Golfo do México (sudeste).

Através do Pacífico, o petróleo da Rússia pode alimentar diretamente a costa oeste, especialmente a Califórnia, onde a matéria-prima também é de menor qualidade do que o petróleo da Sibéria e, portanto, mais cara para refinar.