"A Rainha fez-me Cavaleiro, Trump faz sentir-me um extraterrestre"

O desabafo é de Mo Farah, o bicampeão olímpico que tem dupla nacionalidade, inglesa e Somali. A Somalia é um dos 7 países considerados perigosos pelo decreto de Donald Trump.

O britânico de origem somali Mo Farah, bicampeão olímpico dos 5.000 e 10.000 metros, disse este domingo sentir-se um "extraterrestre", na sequência do decreto de Donald Trump que impede a entrada de imigrantes de alguns países nos Estados Unidos.

"A 01 de janeiro deste ano, sua majestade a Rainha [de Inglaterra] fez-me Cavaleiro do Reino. A 27 de janeiro, o presidente Donald Trump parece ter-me tornado num extraterrestre", escreveu Mo Farah na sua página na rede social Facebook.

O decreto norte-americano sobre a "protecção da nação contra a entrada de terroristas estrangeiros nos EUA", que entrou em vigor na sexta-feira, proíbe durante 90 dias a entrada nos Estados Unidos de cidadãos de sete países considerados de risco por Washington: Irão, Iraque, Líbia, Somália, Sudão, Síria e Iémen.

"Sou um cidadão britânico que viveu na América nos últimos seis anos -- trabalhando duro, contribuindo para a sociedade, pagando os meus impostos e fazendo crescer as nossas quatro crianças num lugar ao qual agora chamam casa. Agora, a mim e outros como eu está-nos a ser dito que se calhar não somos bem-vindos", lamentou.

Mo Farah questionou como vai dizer aos seus filhos que "talvez o pai possa não conseguir voltar a casa" e como lhes pode "explicar que o presidente introduziu uma política baseada na ignorância e no preconceito".

"Fui bem recebido na Grã-Bretanha vindo da Somália com oito anos e foi-me dada uma hipótese de ser bem-sucedido e realizar os meus sonhos. Tive orgulho de representar o meu país, ganhar medalhas para o povo britânico e receber a grande honra de me tornar Cavaleiro. A minha história é um exemplo do que pode acontecer quando seguimos políticas de compaixão e compreensão e não de ódio e isolacionismo", concluiu.