Papa pede acção da comunidade internacional para travar guerra na Ucrânia

Papa pede acção da comunidade internacional para travar guerra na Ucrânia

O Papa evocou este Domingo na sua Mensagem de Páscoa mais de uma dezena de conflitos que afectam o mundo, a começar pela guerra na Ucrânia, pedindo que a comunidade internacional promova soluções de paz.

“Ajuda o amado povo ucraniano no caminho para a paz, e derrama a luz pascal sobre o povo russo. Conforta os feridos e quantos perderam os seus entes queridos por causa da guerra e faz que os prisioneiros possam voltar sãos e salvos para as suas famílias”, referiu Francisco, desde a varanda central da Basílica de São Pedro, antes da bênção ‘Urbi et Orbi’ [à cidade (de Roma) e ao mundo], no dia da festa mais importante para a Igreja Católica, que assinala a ressurreição de Jesus.

“Abre os corações de toda a Comunidade Internacional para que se esforcem por fazer cessar esta guerra”, acrescentou, numa intervenção em forma de oração, na segunda Páscoa marcada pelo conflito no leste da Europa, iniciado com a invasão russa, a 24 de Fevereiro de 2022.

Francisco evocou as comunidades cristãs que celebram este dia “em circunstâncias particulares, como sucede na Nicarágua e na Eritreia”, devido à situação política nestes países, rezando por quem “é impedido professar, livre e publicamente, a sua fé”.

“Dá conforto às vítimas do terrorismo internacional, especialmente no Burquina Faso, Mali, Moçambique e Nigéria”, acrescentou.

Ainda em África, o Papa desejou a consolidação dos processos de paz e reconciliação na Etiópia e no Sudão do Sul, pedindo o fim da violência na República Democrática do Congo.

A reflexão pascal falou nas “pedras de tropeço” que impedem a humanidade de viver em paz, recordando “todos os conflitos que ensanguentam o mundo, a começar pela Síria, que ainda espera a paz”.

Sustenta quantos foram atingidos pelo violento terremoto na Turquia e na própria Síria. Rezemos por aqueles que perderam familiares e amigos e ficaram sem casa: possam receber conforto de Deus e ajuda da família das nações”.

Como tradicionalmente, a mensagem papal lembrou a Terra Santa, em particular a cidade de Jerusalém, lamentando os ataques dos últimos dias, que ameaçam o “desejado clima de confiança e mútuo respeito, necessário para que o diálogo entre israelitas e palestinos seja retomado, a fim de que a paz reine na Cidade Santa e em toda a região”.

“Ajuda, Senhor, o Líbano, ainda à procura de estabilidade e unidade, para que supere as divisões e todos os cidadãos trabalhem, juntos, pelo bem comum do país”, acrescentou.

Francisco deixou uma palavra para o povo da Tunísia, especialmente aos jovens e os que sofrem por causa dos problemas sociais e económicos, convidando-os a “não perder a esperança e colaborar na construção dum futuro de paz e fraternidade”.

“Olha para o Haiti, que há vários anos está a sofrer uma grave crise sociopolítica e humanitária, e sustenta o empenho dos atores políticos e da Comunidade Internacional na busca duma solução definitiva para os inúmeros problemas que afligem aquela população tão atribulada”, prosseguiu.

O Papa falou ainda do Myanmar, desafiando os responsáveis políticos a “percorrer caminhos de paz”, antes de pedir justiça para o “martirizado povo rohingya”.

Conforta os refugiados, os deportados, os prisioneiros políticos e os migrantes, especialmente os mais vulneráveis, bem como todos aqueles que sofrem com a fome, a pobreza e os efeitos nocivos do narcotráfico, do tráfico de pessoas e de toda a forma de escravidão”.

A intervenção, transmitida para milhões de pessoas, nos cinco continentes, apelou à defesa da dignidade de cada ser pessoa.

“Que, no pleno respeito dos direitos humanos e da democracia, se curem estas chagas sociais, se procure sempre e só o bem comum dos cidadãos, se garanta a segurança e as condições necessárias para o diálogo e a convivência pacífica”, apontou.

Apressemo-nos a superar os conflitos e as divisões, e a abrir os nossos corações aos mais necessitados. Apressemo-nos a percorrer sendas de paz e fraternidade. Alegremo-nos com os sinais concretos de esperança de que nos chegam de tantos países, a começar daqueles que oferecem assistência e hospitalidade a quantos fogem da guerra e da pobreza”.

Francisco presidiu esta manhã à Missa do Domingo de Páscoa, na Praça de São Pedro, com a participação de dezenas de milhares de pessoas.

A cerimónia, que em 2020 decorreu dentro da Basílica, voltou este ano a contar com a presença de peregrinos na Praça de São Pedro e foi precedida pela execução dos hinos do Vaticano e da Itália, pelas bandas da Gendarmaria Pontifícia e dos Carabinieri, com as saudações militares da Guarda Suíça e das Forças Armadas italianas.