Episcopados lusófonos propõem ao Papa que o português seja "língua oficial" no Sínodo dos Bispos

Episcopados lusófonos propõem ao Papa que o português seja

Os participantes no XIII Encontro de Bispos dos Países Lusófonos (EBPL), que decorreu em Cabo Verde, apelam ao Vaticano para uma valorização da língua portuguesa, em particular pelo uso oficial no Sínodo.

“Propomos unanimemente que a língua portuguesa, a quinta língua do mundo falada por 260 milhões de pessoas, seja utilizada como língua oficial nas assembleias-gerais do Sínodo dos Bispos”, refere o documento conclusivo, enviado esta Segunda-feira à Agência ECCLESIA.

As assembleias sinodais, que decorrem no Vaticano, têm grupos de trabalho (círculos menores) em várias línguas, nos quais os bispos lusófonos integram o chamado grupo ‘Ibérico’ (Hibericus, denominação oficial em latim), cujas conclusões são publicadas em espanhol.

Os trabalhos do EBPL, que decorreram entre sexta-feira e domingo, na cidade da Praia, analisaram precisamente o tema da próxima assembleia do Sínodo dos Bispos (Outubro de 2018, Vaticano), a presença dos jovens na Igreja, salientando as “boas práticas pastorais”, as iniciativas de voluntariado missionário, campos de férias e movimentos que acompanhem as novas gerações nas suas realidades quotidianas.

Estiveram representados os episcopados católicos de Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe.

“Verificamos uma maior consciência das nossas comunidades pela ecologia integral e a existência de inúmeros projectos em curso, em que destacamos a criação da «Floresta Laudato Si’» em Angola pela CEAST, com a plantação de milhares de árvores para travar o avanço do deserto”, assinalam os participantes.

A delegação portuguesa foi constituída por D. Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP); padre Manuel Barbosa, secretário da CEP; e Jorge Líbano Monteiro, presidente da Fundação Fé e Cooperação (FEC).

Os participantes no XIII EBPL saudaram a simplificação da concessão de vistos nalguns países, que “facilita a livre circulação de pessoas e bens”.

“Esperamos que esse processo se possa estender a todos os países lusófonos, promovendo assim uma verdadeira comunidade de pessoas”, assinalam as conclusões.

Os trabalhos sublinharam a importância da “defesa intransigente da vida, da dignidade humana e da família, através de leis que protejam a vida e a família”, bem como “a luta contra a corrupção, o tráfico e a escravatura de pessoas, a ideologia do género, a eutanásia e tudo quanto não dignifica a pessoa”.

Os bispos dos países lusófonos alertam para uma “mentalidade individualista e consumista” que contraria perspectivas de futuro para os jovens, como a falta de emprego.

Em cima da mesa esteve ainda uma referência ao reinício da emissão nacional da Rádio Ecclesia em Angola, reforçando “a importância da liberdade de imprensa para a consolidação de uma sociedade plural e democrática”.

A agenda incluiu uma passagem pela Assembleia Nacional de Cabo Verde, o Instituto Internacional da Língua Portuguesa e a Cidade Velha, património mundial da Humanidade.

O próximo Encontro de Bispos dos Países Lusófonos vai decorrer na Guiné-Bissau, de 16 a 19 de Janeiro de 2020.