Malam Bacai Sanha assume a presidência da Guiné-Bissau

bacaisanha.jpgO politólogo Malam Bacai Sanhá, de 62 anos de idade, tomou posse na terça-feira como novo Presidente da Guiné-Bissau fruto da sua vitória eleitoral de 26 de Julho na segunda volta de eleições presidenciais antecipadas.

Antigo presidente da Assembleia Nacional Popular (ANP, Parlamento), de 1994 a 1999, e ex-Presidente da República interino (1999-2000), Sanhá disputou o sufrágio presidencial sob a bandeira do Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC, no poder).

Venceu o escrutínio com 63,31 por cento dos votos contra os 36,69 do seu rival e candidato do Partido da Renovação Social (PRS), Koumba Yalá, que foi Presidente da Guiné-Bissau de Fevereiro de 2000 até ao seu derrube num golpe de Estado militar em 14 de Setembro de 2004.


Com a sua investidura, a Guiné-Bissau pôs teoricamente termo à nova transição política aberta pelo bárbaro assassinato do Presidente João Bernardo "Nino" Vieira, a 2 de Março deste ano, em Bissau.

À espera do novo chefe de Estado está igualmente o bicudo dossiê do narcotráfico que, num ápice, se enraizou no país transformando-o numa das principais rotundas das redes deste negócio em África. Por outro lado, a sua investidura ocorreu numa altura de crescente pressão sobre o país, interna e externamente, para se clarificar os sucessivos assassinatos políticos ocorridos no país mas cujos autores continuam à solta e impunes.

Entre estes assassinatos, quase todos eles praticados com uma elevadíssima dose de crueldade e sadismo, figuram os que vitimaram o Presidente Nino Vieira e o seu chefe das Forças Armadas, tenente- general Batista Tagme Na Waié, em Março passado, e os deputados do partido no poder Baciro Dabó e Hélder Proença, três meses depois.

Em anos anteriores, estiveram entre as vítimas da carnificina os dois antecessores imediatos de Tagmé Na Waié, designadamente o general Veríssimo Correia Seabra (2004) e o brigadeiro Ansumane Mané (2000) o que perfaz três chefes das Forças Armadas assassinados em nove anos.

Estes e outros actos que se seguiram extremaram os níveis de insegurança e suspeição no país inteiro que se tornou em refém do militarismo criando uma espécie de estado de sítio sem Estado.

As duas comissões de inquérito internamente criadas para investigar sobre as mortes de Nino Vieira e Tagmé Na Waié ainda não responderam às expectativas, quase seis meses depois.

Uma delas, a dos militares, não passou do mero anúncio do fim dos seus trabalhos e da promessa de apresentar publicamente os autores "confessos" do atentado à bomba que aniquilou Tagmé Na Waié no seu gabinete. A outra, a governamental, diz não ter "pernas" para andar.

A entidade nomeada para presidir a esta última, o procurador-geral da República Luís Manuel Cabral, queixa-se de falta de fundos para fazer avançar a investigação e da própria segurança pessoal que diz estar em perigo após receber várias ameaças de morte por telefone.

No termo de uma sessão especial sobre resolução de conflitos decorrida em Tripoli (Líbia), a 31 de Agosto passado, a UA anunciou preparativos para desdobrar "o mais rápido possível" uma missão internacional na Guiné-Bissau.

A UA disse tratar-se duma missão conjunta com a CEDEAO com o apoio das Nações Unidas, da União Europeia e de outros parceiros incumbida de ajudar na estabilização da Guiné-Bissau, na reforma do sector de segurança, na reconstrução pós-conflito e na luta contra a droga.