Governo e militares procuram "reorganizar" forças armadas na Guiné-Bissau

guine170410O Presidente da Guiné-Bissau, Malam Bacai Sanha, e o seu primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior prosseguiram, com os militares, discussões iniciadas na véspera sobre a situação do país e a reorganização das Forças Armadas, soube a imprensa em Bissau.

As discussões têm decorrido "da melhor forma possível, deixando as pessoas falar e colocar os problemas (...)", afirmou Carlos Gomes Júnior, no final de uma das sessões.

Questionado se já havia novas chefias militares para o país e a autorização para o almirante Zamora Induta, chefe das Forças Armadas detido em Mansoa, receber tratamento médico, Carlos Gomes Júnior absteve-se de comentar.

Por seu turno, o vice-chefe do Estado-Maior-General das Forças Armadas, major- general António Indjai, também se limitou a dizer aos jornalistas que se está a discutir a "reorganização das Forças Armadas" e que "ainda não se abordou o assunto das novas chefias militares".

A Guiné-Bissau voltou a passar por uma nova crise político-militar, depois de António Indjai ter assumido a chefia militar e mandado deter o primeiro- ministro e o seu chefe hierárquico Zamora Induta, a 1 de Abril corrente.

Zamora Induta continua detido em Mansoa juntamente com o director dos serviços de informação e segurança do Estado, coronel Samba Djaló, e, segundo organizações de direitos humanos, eles necessitam de um médico.

O estado de saúde de Induta descrito como "extremamente grave" bem como a própria manutenção da sua detenção e da de Samba Djaló levaram um deputado português a escrever quarta-feira ao embaixador da Guiné-Bissau em Portugal e ao Parlamento guineense para manifestar a sua preocupação.

"Face às notícias publicadas quanto à situação em que estarão o comandante Zamora Induta e o coronel Samba Djaló é um assunto que nos preocupa muito", disse o deputado José Ribeiro e Castro, presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros do Parlamento português, na sua carta endereçada ao embaixador Constantino Lopes da Costa e ao seu homólogo da Assembleia Nacional Popular (ANP, Parlamento) guineense.

Ribeiro e Castro recordou o desejo manifestado pelo Parlamento português "da plena normalização constitucional" na Guiné-Bissau face à intervenção militar.

Na terça-feira passada, o presidente da Liga Guineense dos Direitos Humanos, Luís Vaz Martins, considerou "muito urgente" que Zamora Induta e Samba Djaló sejam vistos por médicos.

Também recentemente, elementos da protecção dos direitos humanos na Guiné- Bissau visitaram os detidos e alertaram para a necessidade de receberem tratamentos médicos, principalmente Zamora Induta.