Arcebispo da Síria evoca Natal dos refugiados diante do presépio

Arcebispo da Síria evoca Natal dos refugiados diante do presépio

Arcebispo Maronita de Damasco, na Síria, revela na sua mensagem de Natal que na região “não faltam companheiros ao Menino Jesus” e compara este nascimento de há dois mil anos com a realidade atual de guerra contínua.

“Jesus já não está só na miséria. A infância síria abandonada e marcada pelos cenários de violência deseja estar no lugar de Jesus, que está sempre acompanhado pelos seus pais, que se preocupam com Ele e O acarinham”, assinala D. Samir Nassar.

Segundo o prelado, este “sentimento de amargura” é visível nos olhos das crianças, nas suas lágrimas e no seu silêncio: “Alguns invejam o Deus Menino porque encontrou essa manjedoura para nascer e abrigar-Se, ao passo que algumas infelizes crianças sírias nascem entre bombas ou a caminho do êxodo”.

Na mensagem de Natal a que chamou ‘os refugiados diante do presépio’, divulgada pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre, o prelado também compara a realidade de Maria e José com a das mães e dos pais que na Síria vivem, sentem, estão em dificuldades com muitas famílias separadas.

“Há mais mães infelizes que vivem na extrema pobreza e assumem as responsabilidades sem os maridos. A presença tranquilizadora de José junto da Sagrada Família torna-se fonte de inveja para estes milhares de famílias privadas de um pai, o que provoca o medo, a angústia e a inquietação”, explica.

Para o arcebispo Maronita “a precariedade do presépio de Belém traz uma consolação a essas mães esmagadas pelos problemas insolúveis e o desespero”.

“Os desempregados invejam José carpinteiro porque poupa a sua família às necessidades”, assinala ainda D. Samir Nassar sobre a realidade de um país que vive em guerra civil há mais de dois anos.

“O ruído infernal da guerra sufoca a Glória dos anjos. Esta sinfonia do Natal pela paz cede perante o ódio, a divisão e a cruel atrocidade”, desenvolve.

Num país onde a tradição da pastorícia é ancestral e era uma fonte de rendimento, o arcebispo não esquece esta realidade na sua mensagem e acrescenta que “os pastores sírios perderam 70% dos seus rebanhos nesta guerra”.

“A vida nómada nesta terra bíblica que remonta a Abraão e a muito antes dele, desaparece brutalmente com os seus velhos costumes de hospitalidade e a sua cultura tradicional”, prossegue.

“Paz, perdão e reconciliação” são as ofertas que o responsável religioso deseja para a Síria neste Natal, fazendo alusão aos três reis magos que visitaram Jesus no presépio.

D. Samir Nassar, arcebispo Maronita de Damasco, esteve em Portugal entre os dias 29 de novembro e 2 de dezembro para falar, em Lisboa e em Fátima, de situações de conflito e de perseguição aos cristãos na Síria, por iniciativa da Fundação Ajuda à Igreja que Sofre.

O bispo caldeu D. Antoine Audo revelou à Agência Fides, do Vaticano, que não haverá missa do Galo à noite “por razões de segurança”; pelo que a celebração litúrgica terá lugar no período da tarde.