 
            A poucas semanas do Sínodo que vai ter lugar no Vaticano sobre a família, o Papa Francisco presidiu esta manhã, na basílica de São Pedro, a uma Eucaristia com celebração do matrimónio de 20 casais italianos. 
 Ocorrendo neste dia 14 de Setembro a festa da Exaltação da Santa Cruz, as Leituras evocavam a marcha do povo de Israel, no deserto, a caminho da terra prometida. Uma caminhada longa, cansativa, que provoca a reacção do povo, que se queixa de Deus. 
 Mordidos por serpentes venenosas, os israelitas invocam de Deus a cura. E é-lhes dado como “sinal” uma serpente de bronze elevada sobre um estandarte: quem a contemplava cheio de fé, era curado. Um símbolo que se cumprirá plenamente em Jesus, “elevado” na Cruz e “exaltado” depois pelo Pai à glória. 
 Na homilia, o Papa partiu naturalmente das Leituras proclamadas, a começar pelo primeiro que evocava o povo na sua marcha pelo deserto…
 Era formado sobretudo por famílias: pais, mães, filhos, avós; homens e mulheres de todas as idades, muitas crianças, com idosos que sentiam dificuldade em caminhar... Este povo lembram a Igreja em caminho no deserto do mundo actual; lembra o Povo de Deus que é composto, na sua maioria, por famílias.·
 Isto faz pensar nas famílias, nas nossas famílias, em caminho pelas estradas da vida, na história de cada dia.
 
 É incalculável a força, a carga de humanidade presente numa família: a ajuda mútua, o acompanhamento educativo, as relações que crescem com o crescimento das pessoas, a partilha das alegrias e das dificuldades... 
 
 A narração bíblica da primeira Leitura referia que a certa altura, o povo israelita «não suportou o caminho»: estavam cansados, faltava a água e comiam apenas o «maná”… Então lamentam-se e protestam contra Deus e contra Moisés
 
 Isto faz-nos pensar nos casais que «não suportam o caminho» da vida conjugal e familiar. A fadiga do caminho torna-se um cansaço interior; perdem o gosto do Matrimónio, deixam de ir buscar água à fonte do Sacramento. A vida diária torna-se pesada, «nauseante». 
 
 Referindo o episódio das serpentes venenosas e a serpente de bronze que o Senhor mandou fazer para que quem a olhasse com fé pudesse receber “a sua força que cura”, o Papa sublinhou o sentido deste símbolo: Cristo elevado na Cruz… Quem se entrega a Jesus crucificado recebe a misericórdia de Deus, que cura do veneno mortal do pecado. 
 Tudo isto se aplica justamente aos casais … O remédio que Deus oferece ao povo vale de modo particular para os casais que «não suportam o caminho» e acabam mordidos pelas tentações do desânimo, da infidelidade, do retrocesso, do abandono… 
 
 O amor de Jesus, que abençoou e consagrou a união dos esposos, é capaz de manter o seu amor e de o renovar quando humanamente se perde, rompe, esgota. O amor de Cristo pode restituir aos esposos a alegria de caminharem juntos. 
 
 O matrimónio – observou o Papa quase a concluir – é isto mesmo: o caminho conjunto de um homem e de uma mulher… na reciprocidade das diferenças… Não é um caminho suave, sem conflitos, não… mas isto é a vida! O matrimónio é símbolo da vida, da vida real, não é uma «ficção»! É sacramento do amor de Cristo e da Igreja, um amor que tem na Cruz a sua confirmação e garantia. 
 O Papa concluiu a sua homilia desejando a todos esses 20 casais uma bela caminhada matrimonial. “Que o amor cresça. Desejo-vos felicidades. Haverá cruzes, mas o Senhor está sempre ali para nos ajudar a prosseguir o caminho. Que Deus vos abençoe!"






 




