No Sínodo, arcebispo moçambicano recorda papel da Igreja na reconciliação do país

(Fonte: Radio Vaticana)Perante a assembleia sinodal interveio nesta segunda de manhã, D. Jaime Pedro Gonçalves, que pôs em destaque várias iniciativas de reconciliação, da parte da Igreja Católica, em África. Nomeadamente uma relativa à África Austral no seu conjunto e a outra no caso de Moçambique. Isso "para concluir que devemos intensificar estas e mais iniciativas para a reconciliação".

Nos anos 80 - lembrou o arcebispo da Beira - havia na África Austral muita violência e instabilidade política, com três guerras civis, lutas pela libertação nacional e o problema da luta ao apartheid. Os bispos dos nove países da região elaboraram então "um programa de reconciliação através do diálogo": uma Carta Pastoral "Justiça e Paz na África Austral", assinada na presença de João Paulo II, na visita que realizou ao Sul do continente, em 1988.
"Foi bonito ver bispos, padres e leigos empenhados nesta causa - sublinhou D. Jaime. Apareceram líderes políticos que procuravam e acreditavam na reconciliação. Colaborou-se com outros líderes religiosos"... Finalmente, "a violência cessou, construiu-se a paz e a alegria voltou a reinar entre as pessoas".

No caso de Moçambique (recordou ainda o arcebispo da Beira), a guerra civil durava desde há 16 anos. Os bispos decidiram trabalhar pela reconciliação do país. João Paulo II animou-os. "Após um trabalho duro e perigoso", conseguiram convencer as partes a fazerem a reconciliação.
A Secretaria de Estado do Vaticano colaborou também. Foi ali enviado o cardeal Etchegaray. Empenharam-se também o governo italiano e a Comunidade de Santo Egídio. Com a mediação da Igreja, ao fim de dois anos chegou-se a um Acordo de Paz, em Outubro de 1992. "As partes decidiram perdoar-se mutuamente todo o passado de violência. A paz dura até hoje e não houve nenhum acto de vingança em todo o país".

Concluindo, o Senhor D. Jaime Pedro Gonçalves propôs que se aprofundem e promovam no continente africano estes esforços no "difícil ministério de construir a Paz" e de "edificar a justiça e a reconciliação nas nossas Igrejas e sociedades". "A Igreja deve formar reconciliadores e pacificadores para a resolução dos conflitos". "Os povos africanos demonstram muito apreço por estas iniciativas da Igreja" - assegurou.

A concluir, uma última sugestão: "poder-se-ia pensar num jubileu de reconciliação em todo o continente africano, (embora) sem indulgenciar a impunidade de crimes contra a humanidade". "Seria um fruto admirável e necessário", na era da globalização, a bem de "um progresso social e espiritual mais sólido".