O Sínodo para a África denuncia o imperialismo cultural do Ocidente

sinodo2As ajudas humanitárias que chegam ao continente africano são, por vezes, acompanhadas de "uma espécie de imperialismo cultural", denunciou o cardeal Théodore-Adrien Sarr, bispo de Dakar, no Senegal, durante a conferência de imprensa onde foi apresentado um primeiro balanço da II Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos para África
"Se nos querem ajudar não podem transmitir ideias que não nos parecem correctas. Queremos ser ajudados, mas dentro da verdade e respeitados pelo que somos", avançou o Cardeal, exortando os "povos ocidentais" a rejeitarem a ideia de que "tudo aquilo em que eles acreditam ou fazem deve converter-se em regra para o mundo".
O Cardeal John Njue, Arcebispo de Nairóbi, no Quénia, sublinhou que "a cooperação e as ajudas são necessárias", mas também é preciso "respeitar a independência e o ponto de vista, a cultura e a dignidade" dos povos africanos.O Arcebispo Njue afirmou que a "ajuda condicionada à mudança de valores das pessoas sobre temas como o aborto e a concepção da família é errada". "Os africanos precisam da cooperação, mas é preciso respeitar a sua independência, a sua cultura e a dignidade da pessoa humana", sublinhou.
Por outro lado, o Cardeal Wilfrid Fox Napier, arcebispo de Durban, na África do Sul, e presidente delegado do sínodo, afirmou que em África "persiste uma situação difícil do ponto de vista dos conflitos e das calamidades", mas indicou que, ainda que seja necessária a cooperação internacional, "é preciso respeitar a independência da população africana". O Arcebispo de Durban afirmou ainda que o continente africano tem "enorme potencialidade" e que "o desenvolvimento deve ser ajudado", mas que a colaboração "se deve basear na igualdade".