Dom Joaquim Tyombe: “Daqui em diante uma Igreja sinodal aberta a todos fiéis

Dom Joaquim Tyombe: “Daqui em diante uma Igreja sinodal aberta a todos fiéis

À margem da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos que decorreu em Roma nas últimas semanas, o Bispo de Uíje (em Angola) e um dos participantes no grande evento eclesial, falou da sua experiência e impressões, reafirmando que, daqui em diante, a Igreja católica vai ser sinodal, aberta a todos os fiéis, do último ao primeiro.

“Foi realmente uma experiência muito enriquecedora de um caminhar em conjunto: sinto-me bastante preenchido, bastante recompensado no esforço que me fez chegar até ao Sínodo” – disse em entrevista ao Vatican News Dom Joaquim Nhanganga Tyombe, Bispo de Uíje, em Angola, falando dos trabalhos do Sínodo que encerraram em Roma neste domingo, 29 de Outubro. Para o prelado foi uma experiência enriquecedora, já a partir do retiro inicial que “sintonizou os participantes com o próprio espírito da sinodalidade, o caminhar comum, a abertura a Deus e aos outros”.

Para Dom Joaquim tratou-se de um “retiro de família”, em que os participantes, vindos de diferentes continentes, diferentes geografias de terra e geografias humanas, de culturas, de histórias, de experiências difíceis, estavam todos reunidos na mesma sala e em diferentes mesas redondas, mas todos sintonizados em espírito uns com os outros.

Ter o rosto da Igreja nas diferentes geografias

Falando dos trabalhos sinodais, o Bispo de Uíje sublinhou a importância de ouvir as experiências de cada um para ter o rosto da Igreja nas diferentes geografias. Os temas em debate se desenvolveram em três perspetivas (comunhão, missão e participação), explicou Dom Joaquim, ressaltando que a intenção do Sínodo não era debater sobre um tema específico, mas “abordar o como nos podemos ouvir, como podemos falar aos outros e como todos juntos podemos ouvir o Espírito Santo”.

Dom Joaquim Tyombe reiterou a importância do método da conversação no Espírito utilizado durante os trabalhos, método que, observou o prelado, também se pode utilizar em todo o tipo de discernimento a nível da Igreja: “Eu gostaria que, a nível da nossa Comunidade eclesial, na minha diocese particularmente, este método se implementasse, para que a tomada das decisões pastorais e de governo, das decisões enfim no campo da nossa espiritualidade, passassem por uma conversação no Espírito”, enfatizou o Bispo de Uíje.

Método da conversação no Espírito leva à conversão

Na verdade, disse ainda Dom Tyombe, a conversação no Espírito leva à conversão pessoal, à atenção ao outro e atenção sobretudo a Deus e ao Espírito que também fala, e o “reconhecimento do Espírito que fala no outro faz a construção de laços de fraternidade e de laços também de comunhão e de unidade, que ultrapassam tudo aquilo que nos pode dividir”.

Dom Tyombe falou em seguida da Carta que a Assembleia sinodal dirigiu ao Povo de Deus e que transmite a verdade daquilo que se viveu durante as sessões de trabalho: “se todos pudéssemos levar o conteúdo da Carta ao Povo de Deus às nossas Comunidades, já seria um passo importante para fazermos uma Igreja cada vez mais família, que caminha à luz de Cristo e onde prevalecem os elementos que nos unem e fazem da Igreja um instrumento para a comunhão e a unidade de todos os povos”, sublinhou.

Uma Igreja sinodal aberta a todos

A terminar, o apelo de Dom Joaquim para que se leve com seriedade e com a preocupação devida o processo sinodal e se possa partilhar rapidamente a síntese a ser elaborada no final dos trabalhos. Uma palavra foi também aos grupos de animação sinodal constituídos nas dioceses da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), para se prepararem na oração e no mesmo espírito de discernimento e abraçarem a nova fase de ser Igreja.

Que todos se preparem para a recepção destes documentos e a partilhá-los o mais rápido possível, para que cheguemos à fase decisiva com maior informação e com posições mais informadas. Porque, concluiu Dom Joaquim Tyombe, “daqui em diante, a Igreja católica vai ser uma Igreja sinodal, não há outra volta a dar: é comunhão, missão e participação, aberta a todos os fiéis da nossa Igreja, do último ao primeiro ou do primeiro ao último, de cima para baixo ou de lado para o meio ou do outro lado para o meio – esta é que vai ser a Igreja no futuro”.