Dom Chissengueti: “A sinodalidade reforça a participação de todos os baptizados”

Dom Chissengueti: “A sinodalidade reforça a participação de todos os baptizados”

Em entrevista à Vatican News, Dom Chissengueti afirmou que “A aplicação do conceito de Igreja deve passar de uma visão piramidal, que ofuscava a presença dos leigos, para uma Igreja sinodal, permitindo que todos os batizados possam dar a sua voz nas decisões que dizem respeito à Igreja.”

O porta-voz da CEAST destacou que a sinodalidade não é apenas um conceito teórico, mas uma prática histórica que remonta aos primeiros cristãos:

“Os primeiros grandes missionários foram leigos. Fugindo da perseguição, fundaram comunidades cristãs e os apóstolos confirmaram a fé. Hoje, a Igreja procura retomar esse caminho, assegurando que a participação eclesial seja consciente e inclusiva.”

A experiência pastoral em Angola

Dom Chissengueti sublinhou ainda os desafios atuais do país: a pobreza, o desemprego, a fragilidade dos serviços básicos e a saída de jovens e famílias, reforçando que a Igreja tem um papel ativo de esperança e denúncia ética:

“A nossa voz, embora muitas vezes incompreendida, tem sido de denúncia e esperança. É preciso um compromisso ético e moral por parte dos governantes, da Igreja e da sociedade civil para construir uma nação mais justa e próspera.”

O relatório da CEAST, apresentado pelo presidente Dom José Manuel Imbamba, detalha a situação religiosa e o trabalho pastoral da Igreja em Angola:

  • Seminários Maiores de Filosofia: 9, com 1.129 seminaristas
  • Seminários Maiores de Teologia: 5, com 651 seminaristas
  • Seminaristas médios: 1.303
  • Padres diocesanos: 1.186

Além disso, a CEAST promoveu um triénio dedicado ao ministério ordenado e à vida consagrada, com foco em instrução e envio dos ministros da Igreja.

Sinodalidade e vocações missionárias

Na conversa com a Vatican News, o Dom Chissengueti reforçou a importância da formação de sacerdotes e da partilha de vocações entre as dioceses:

“Em Angola, algumas dioceses têm poucos sacerdotes, mas temos muitos que estão em missão em Portugal, Espanha e outros países. A partilha e o envio de missionários são fundamentais para fortalecer a Igreja em regiões com escassez de vocações.”

Ele acrescentou que o progresso da sinodalidade e da pastoral juvenil tem sido visível, pois a CEAST tem “incentivado o diálogo e a participação em todos os níveis, desde as comunidades de base até às dioceses, promovendo uma Igreja mais inclusiva e missionária,” onde, “os jovens são o presente e o futuro da nossa Igreja e da nossa nação, e temos investido na sua formação humana, espiritual e cívica.”

O bispo da dioceses de Cabinda concluiu com uma mensagem de comunhão e esperança:

“Que o nosso encontro nos inspire a continuar a trabalhar juntos, em comunhão e solidariedade, para que o Reino de Deus cresça nas nossas nações. Que Deus abençoe a todos.”

O Jubileu de Ouro da IMBISA em Matsapha reforçou, assim, a importância da sinodalidade como caminho para uma Igreja mais participativa, missionária e inclusiva, celebrando cinquenta anos de serviço e comunhão entre os bispos da África Austral.