Vergonha e Esperança - destacou o Papa na Via Sacra no Coliseu

Vergonha e Esperança - destacou o Papa na Via Sacra no Coliseu

Sexta-Feira Santa, o Santo Padre deslocou-se às 21 horas ao Coliseu de Roma, onde, como habitualmente teve lugar a Via Sacra. Presentes cerca de 20 mil fieis. A Cruz foi carregada por cidadãos de vários países e de várias camadas sociais, excepto na primeira e última estação em que quem a carregou foi o Vigário do Papa para a Diocese de Roma, o Cardeal Agostino Vallini.

O Papa acompanhou em silêncio meditativo, a narração, as orações e as reflexões preparadas pela teóloga biblista francesa, Anne-Marie Pelletier. No final tomou a palavra para uma breve reflexão em que invocou Cristo, flagelado, atraiçoado, coroado de espinhos, esbofeteado, atrozmente pregado na Cruz, trespassado com a lança, morto e sepultado…

“Cristo nosso único Salvador para o qual dirigimos também este ano com os olhos baixos pela vergonha e com o coração cheio de esperança” – disse o Papa que continuou  indicando diversos motivos de vergonha:

Vergonha pelas imagens de devastação, destruição e naufrágio que se tornaram ordinárias na nossa vida; vergonha pelo sangue inocente de mulheres e crianças versado quotidianamente; vergonha pelas demasiadas vezes que, como Judas e Pedro, vendemos, atraiçoamos e deixamos Cristo só a morrer pelos nossos pecados (…). Vergonha pelo silêncio perante as injustiças, pela nossa avarícia, pelo nosso falar alto em favor dos nossos interesses e baixo pelos interesses dos outros; pelos nossos passos velozes no caminho do mal e paralisados no caminho do bem…

“Vergonha por todas as vezes que nós, Bispos, Sacerdotes, consagrados e consagradas escandalizamos e ferimos o teu corpo, a Igreja; e nos esquecemos o nosso primeiro amor, o nosso primeiro entusiasmo e a nossa total disponibilidade, deixando enferrujar o nosso coração e a nossa consagração”.

Mas não obstante toda essa vergonha - disse o Papa a Jesus – “o nosso coração tem também saudades da esperança confiante de que tu não nos tratas segundo o que merecemos, mas segundo a abundância da tua Misericórdia ; que as nossas traições não farão diminuir a imensidão do teu amor, que o teu coração materno e paterno, não nos esquecerá devido à dureza das nossas vísceras”.

Esperança – continuou Francisco - de que a Cruz transforme os nossos corações e os torne capazes de amar, de perdoar; de que as trevas da Cruz se transforme na aurora fulgurante da Ressurreição; esperança de que a Igreja procurará ser a voz que grita no deserto da humanidade para preparar o caminho ao retorno de Cristo, numa palavra, esperança de que os nossos pecados sejam perdoados.

E o Papa concluiu pedindo a Cristo para se recordar dos nossos irmãos mortos devido à violência, à indiferença e à guerra; para romper a cadeia do nosso egoísmo, cegueira, vaidade; para nos ensinar a não nos envergonharmos nunca da sua Cruz, mas a honrá-la e adorá-la, porque com ela “nos manifestou a monstruosidade dos nossos pecados, a grandeza do seu amor, a injustiça dos nossos julgamentos e a potencia da tua misericórdia”.