Papa apela à “unidade” entre cristãos, evocando semana de oração

Papa apela à “unidade” entre cristãos, evocando semana de oração

O Papa evocou este Domingo no Vaticano a “importante” Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos que vai decorrer em muitos países, de 18 a 25 de Janeiro.

“Rezemos juntos, nestes dias, para que se cumpra o desejo de Jesus: que todos sejam só uma coisa, a unidade, que é sempre superior ao conflito”, disse Francisco, no final da recitação do ângelus, na biblioteca do Palácio Apostólico, com transmissão online.

A intervenção assinalou também a jornada para o aprofundamento do diálogo entre católicos e judeus, que se celebra hoje na Itália.

“Alegro-me com esta iniciativa, que acontece há mais de 30 anos, e desejo que dê abundantes frutos de fraternidade e de colaboração”, referiu o pontífice.

O Papa vai presidir, a 25 de Janeiro, à recitação das Vésperas na Basílica de São Paulo fora de muros (Roma), com representantes das Igrejas e comunidades cristãs presentes na capital italiana.

No último dia 20 de Outubro, Francisco participou num encontro ecuménico pela paz, promovido pela comunidade católica de Santo Egídio, pedindo que os cristãos sejam “unidos, mais fraternos”, rejeitando a indiferença perante quem sofre.

A proposta de reflexão que vai mobilizar este ano milhões de cristãos, na Semana de Oração pela Unidade, é este ano elaborada pelas monjas da comunidade ecuménica de Grandchamp, na Suíça.

“Permanecendo em Cristo, a fonte de todo amor, o fruto da comunhão cresce: comunhão com Cristo exige comunhão com os outros. Quanto mais nos afastamos de Deus, mais nos afastamos uns dos outros; quanto mais nos afastamos uns dos outros, mais longe de Deus vamos ficando”, assinala o guia do ‘Oitavário pela unidade da Igreja’.

A proposta refere que “pode ser um desafio” procurar a proximidade com outros, “viver juntos em comunidade”, com pessoas, às vezes, “bem diferentes”, mas as divisões entre cristãos, “que se afastam uns dos outros, são um escândalo, porque afastam também de Deus”.

Muitos cristãos, movidos pela tristeza dessa situação, rezam ferventemente a Deus pela restauração daquela unidade pela qual Jesus orou. A oração de Jesus pela unidade é um convite para voltarmos a ele e assim ficarmos mais próximos uns dos outros, alegrando-nos com a riqueza da nossa diversidade”.

O guião do oitavário 2021 sustenta que espiritualidade e solidariedade “estão inseparavelmente ligadas” e através da solidariedade “com aqueles que sofrem” os cristãos vão permitir que “o amor de Cristo circule” através de si.

“Permanecendo em Cristo recebemos a força e a sabedoria para agir contra as estruturas de injustiça e opressão, para nos reconhecer por completo como irmãos e irmãs na humanidade, e para sermos criadores de um novo modo de vida, com respeito e comunhão para toda a criação”, acrescentam as monjas.

A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos de 2021 tem como tema ‘Permanecei no meu amor e produzireis muitos frutos’, uma passagem do Evangelho de São João, apelando à “reconciliação e unidade na Igreja e na família humana”.

O guia contextualiza que, na década de 1930, um grupo de mulheres “redescobriu a importância do silêncio na escuta da Palavra de Deus” e, ao mesmo tempo, “reviveu a prática de retiros espirituais para alimentar a sua vida de fé”.

Actualmente, a Comunidade Monástica de Grandchamp, perto do Lago Neuchâtel, tem 50 irmãs de diferentes gerações, tradições eclesiais, países e continentes, com visitantes e voluntários que as procuram para um “tempo de retiro, silêncio, cura e em busca de sentido de vida”.

O ‘oitavário pela unidade da Igreja’, hoje com outra denominação, começou a ser celebrado em 1908, por iniciativa do presbítero anglicano norte-americano Paul Wattson que mais tarde se converteu ao catolicismo.

Ecumenismo é o conjunto de iniciativas e actividades que favorecem o regresso à unidade dos cristãos; as principais divisões entre as Igrejas Cristãs ocorreram no século V, depois dos Concílios de Éfeso e de Calcedónia – Igreja Copta, do Egipto, entre outras; no século XI com a cisão entre o Ocidente e o Oriente – Igrejas Ortodoxas -; no século XVI, com a Reforma Protestante e depois a separação da Igreja de Inglaterra (Anglicana).

OC