Papa desafia a «falar de paz a quem quer a guerra», contra discursos que promovem vingança e «barreiras»

Papa desafia a «falar de paz a quem quer a guerra», contra discursos que promovem vingança e «barreiras»

O Papa assinalou este Domingo, no Vaticano, a solenidade de Pentecostes, desafiando a falar de paz e de perdão a quem promove a guerra e o ódio, no mundo.

“Não nos rendemos, rendemo-nos ao Espírito, não nos rendemos ao poder do mundo, mas continuamos a falar de paz a quem quer a guerra, a falar de perdão a quem semeia a vingança, a falar de acolhimento e solidariedade a quem barra a porta e ergue barreiras”, disse, na Missa do dia que encerra o Tempo Pascal no calendário católico.

Francisco, que chegou à Basílica de São Pedro em cadeira de rodas, convidou os católicos a “falar de vida a quem escolhe a morte, a falar de respeito a quem gosta de humilhar, insultar e descartar, a falar de fidelidade a quem recusa todos os laços, confundindo a liberdade com um individualismo superficial, opaco e vazio”.

O Papa destacou a importância do Espírito Santo, o “paráclito”, que transforma os corações e os leva a anunciar a mensagem do Evangelho a todos, sem “arrogância e imposições”, ultrapassando “até as barreiras étnicas e religiosas, para uma missão verdadeiramente universal”.

“O cristão não é prepotente, a sua força é outra, é a força do Espírito”, observou, destacando que essa missão não admite sequer “cálculos e astúcias”, mas deve ser levada a cabo “com a energia que nasce da fidelidade à verdade, que o Espírito ensina”.

“Sem nos deixarmos intimidar pelas dificuldades, nem pelas zombarias, nem pelas oposições que, hoje como ontem, nunca faltam na vida apostólica”, acrescentou.

O nosso anúncio tem por objetivo ser gentil, acolher toda a gente. Não nos esqueçamos disto: todos, todos, todos. Não esqueçamos aquela parábola dos convidados da festa que não quiseram ir: ‘Ide à encruzilhada e trazei todos, todos, bons e maus, todos’ (cf. Mt 22, 9-10). O Espírito dá-nos a força para sair e chamar todos com bondade, dá-nos a bondade para acolher todos”.


Francisco destacou que, na vida espiritual, ninguém é capaz, sozinho, de “vencer o mal, nem de vencer os desejos da carne”.

O Papa falou ainda da “grande necessidade de esperança, que não é optimismo”, mas “uma âncora”.

“Precisamos de esperança, precisamos de levantar os olhos para horizontes de paz, de fraternidade, de justiça e de solidariedade. Esta é a única forma de vida, não há outra”, apontou, encerrando a homilia com um convite a rezar ao Espírito Santo.

A celebração o Pentecostes, 50 dias depois da Páscoa, evoca a efusão do Espírito Santo, terceira pessoa da Santíssima Trindade na doutrina católica, sobre os Apóstolos e a Virgem Maria, após a ressurreição de Jesus.

Francisco voltou à celebração, na recitação do ‘Regina Coeli’, desde a janela do apartamento pontifício.

“Ler e meditar sobre o Evangelho, orar em silêncio, dizer boas palavras, não são coisas difíceis, todos nós podemos fazer isso. Então nos perguntamos: que lugar essas acções ocupam em minha vida? Como posso cultivá-las, a fim de ouvir melhor o Espírito Santo e me tornar um eco dele para os outros?”, perguntou aos peregrinos reunidos na Praça de São Pedro.

OC