
O Papa Leão XIV presidiu a missa do Jubileu dos Catequistas, neste Domingo, 28 de Setembro, XXVI do Tempo Comum, na Praça São Pedro, em que instituiu 39 ministros da catequese.
A celebração contou com a presença de cinquenta mil pessoas que estavam na Praça São Pedro e adjacências.
O Pontífice iniciou sua homilia, recordando que "as palavras de Jesus nos falam de como Deus olha para o mundo, em todos os tempos e lugares". No Evangelho deste domingo, os olhos do Senhor observam "um pobre e um rico, quem morre de fome e quem se banqueteia diante dele, as vestes elegantes de um e, do outro, as chagas que os cães lambiam". "Mas não só", disse ainda o Papa Leão: "O Senhor vê o coração dos homens e, através dos seus olhos, nós reconhecemos um indigente e um indiferente".
Segundo o Papa, "Lázaro é esquecido por quem está à sua frente, mesmo à porta de casa, no entanto Deus está perto dele e lembra-se do seu nome. Não tem nome, porém, o homem que vive na abundância, porque se perde a si mesmo, esquecendo-se do próximo. Está perdido nos pensamentos do seu coração, cheio de coisas, mas vazio de amor. Os seus bens não o tornam bom".
“A história que Cristo nos conta infelizmente é muito atual. Às portas da opulência jaz hoje a miséria de povos inteiros, atormentados pela guerra e pela exploração. Com o passar dos séculos, parece que nada mudou: quantos Lázaros morrem diante da ganância que esquece a justiça, do lucro que espezinha a caridade, da riqueza cega diante da dor dos pobres!”
"No entanto, o Evangelho assegura que os sofrimentos de Lázaro têm um fim. As suas dores terminam, tal como terminam os festins do rico, e Deus faz justiça a ambos: «O pobre morreu e foi levado pelos anjos ao seio de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado». Sem se cansar, a Igreja anuncia esta palavra do Senhor, para que converta os nossos corações", sublinhou.
O diálogo entre o homem rico e Abraão
A seguir, Leão XIV recordou que "por uma singular coincidência, este mesmo trecho evangélico foi proclamado precisamente durante o Jubileu dos Catequistas no Ano Santo da Misericórdia. Dirigindo-se aos peregrinos que vieram a Roma por essa ocasião, o Papa Francisco destacou que Deus redime o mundo de todo o mal, dando a sua vida pela nossa salvação. A sua ação é o início da nossa missão, porque nos convida a nos doar pelo bem de todos".
O Evangelho deste domingo, "nos faz refletir sobre o diálogo entre o homem rico e Abraão". "Trata-se de uma súplica que o rico faz para salvar os seus irmãos e que para nós constitui um desafio", sublinhou o Papa. Ao falar com Abraão, ele afirma: «Se algum dos mortos for ter com eles, hão de arrepender-se». Abraão responde: «Se não dão ouvidos a Moisés e aos Profetas, tão pouco se deixarão convencer, se alguém ressuscitar dentre os mortos».
Os catequistas são testemunhas de Jesus
"Com efeito, houve um que ressuscitou dos mortos: Jesus Cristo. As palavras da Escritura, então, não querem desiludir ou desanimar-nos, mas despertam a nossa consciência. Escutar Moisés e os Profetas significa recordar os mandamentos e as promessas de Deus, cuja providência nunca abandona ninguém", disse ainda Leão XIV, sublinhando que o "Evangelho nos anuncia que a vida de todos pode mudar, porque Cristo ressuscitou dos mortos. Este acontecimento é a verdade que nos salva: por isso, deve ser conhecida e anunciada. Mas não basta. Deve ser amada: é este amor que nos leva a compreender o Evangelho, porque nos transforma, abrindo o coração à palavra de Deus e ao rosto do próximo".
“A este respeito, vocês, catequistas, são aqueles discípulos de Jesus que se tornam suas testemunhas: o nome do ministério que exercem vem do verbo grego katēchein, que significa instruir de viva voz, fazer ressoar. Isto quer dizer que o catequista é uma pessoa de palavra, uma palavra que pronuncia com a própria vida.”
O Papa destacou que "os primeiros catequistas são os pais, aqueles que primeiro nos falaram e nos ensinaram a falar. Assim como aprendemos a nossa língua materna, também o anúncio da fé não pode ser delegado a outros, mas acontece no lugar onde vivemos. Em primeiro lugar, nas nossas casas, ao redor da mesa: quando há uma voz, um gesto, um rosto que conduz a Cristo, a família experimenta a beleza do Evangelho".
Leão XIV recordou que "todos nós fomos educados na fé através do testemunho daqueles que acreditaram antes de nós. Enquanto crianças, adolescentes, jovens, depois como adultos e também como idosos, os catequistas acompanham-nos na fé, partilhando um caminho constante, como vocês fizeram hoje, na peregrinação jubilar".
“Nesta comunhão, o Catecismo é o «instrumento de viagem» que nos protege do individualismo e das discórdias, porque atesta a fé de toda a Igreja católica. Cada fiel colabora na sua obra pastoral, ouvindo questões, partilhando provações, servindo o desejo de justiça e verdade que habita a consciência humana.”
Compromisso com a justiça e a paz
"É assim que os catequistas ensinam, ou seja, deixam um sinal interior: quando educamos na fé, não damos uma lição, mas plantamos no coração a palavra da vida, para que ela dê frutos de vida boa. Ao diácono Deogratias, que lhe perguntou como ser um bom catequista, Santo Agostinho respondeu: «Expõe tudo de modo que quem te ouça, ouvindo, acredite; acreditando, espere; e esperando, ame»", frisou o Papa.
Leão XIV convidou a fazer nosso este convite. "Lembremo-nos de que ninguém dá o que não tem. Se o rico do Evangelho tivesse caridade para com Lázaro, teria feito o bem, não só ao pobre, mas também a si mesmo. Se aquele homem sem nome tivesse fé, Deus o teria salvado de todo o tormento: foi o apego às riquezas mundanas que lhe tirou a esperança do bem verdadeiro e eterno".
“Quando também nós somos tentados pela ganância e pela indiferença, os muitos Lázaros de hoje recordam-nos a palavra de Jesus, tornando-se para nós uma catequese ainda mais eficaz durante este Jubileu, que é para todos tempo de conversão e perdão, de compromisso com a justiça e a busca sincera da paz.”