
O Papa Leão XIV recebeu em audiência, na Sala Clementina, no Vaticano, nesta Quinta-feira (02/10), os participantes da Conferência Internacional intitulada "Refugiados e migrantes na nossa casa comum" em andamento no Instituto Patrístico Augustinianum, em Roma.
Este período em que eles passarão juntos "dá início a um projeto trienal que visa criar 'planos de ação' centrados em quatro pilares fundamentais: ensino, pesquisa, serviço e apoio", disse Leão XIV no início de seu discurso, ressaltando que ao fazer isso, os participantes da conferência "acolhem o convite do Papa Francisco feito às comunidades acadêmicas para ajudar a responder às necessidades de nossos irmãos e irmãs deslocadas, concentrando-se em suas áreas de competência".
Esses pilares fazem parte da mesma missão: reunir as vozes mais influentes de diversas disciplinas para enfrentar os desafios urgentes atuais impostos pelo número crescente de pessoas, atualmente estimado em mais de 100 milhões, afetadas pela migração e pelo deslocamento.
"Rezo para que seus esforços nesse sentido produzam novas ideias e abordagens, buscando sempre colocar a dignidade de cada pessoa humana no centro de cada solução", disse ainda o Papa.
A seguir, Leão XIV sugeriu dois temas que eles podem integrar em seus planos de ação: reconciliação e esperança.
Um dos obstáculos que frequentemente surgem diante de dificuldades dessa magnitude é uma atitude de indiferença por parte tanto de instituições quanto de indivíduos. Meu venerável predecessor falava de uma "globalização da indiferença", em que nos acostumamos ao sofrimento alheio e não mais buscamos aliviá-lo. Isso pode levar ao que eu anteriormente chamei de "globalização da impotência", quando corremos o risco de ficar imóveis, silenciosos e talvez tristes, pensando que nada pode ser feito diante do sofrimento de inocentes.
"Assim como o Papa Francisco falou da cultura do encontro como antídoto à globalização da indiferença, nós também devemos nos comprometer a enfrentar a globalização da impotência, promovendo uma cultura de reconciliação", frisou ainda Leão XIV. Segundo ele, "nessa forma particular de encontrar os outros, devemos nos encontrar curando nossas feridas, perdoando-nos pelo mal que fizemos e também pelo mal que não fizemos, mas que carregamos os efeitos". "Isso requer paciência, disposição para ouvir, capacidade de se identificar com a dor dos outros e o reconhecimento de que compartilhamos os mesmos sonhos e esperanças", sublinhou.
Por isso, eu os encorajo a propor formas concretas de promover gestos e políticas de reconciliação, especialmente em terras onde ainda persistem feridas profundas, causadas por conflitos de longa data. Não é uma tarefa fácil, mas, para que os esforços em prol de uma mudança duradoura sejam bem-sucedidos, devem incluir maneiras de tocar corações e mentes.
"Ao formularem seus planos de ação, também é importante lembrar que migrantes e refugiados podem ser testemunhas privilegiadas de esperança por meio de sua resiliência e sua confiança em Deus", disse ainda o Papa Leão, recordando que "eles frequentemente mantêm sua força enquanto buscam um futuro melhor, apesar dos obstáculos que encontram".
"Enquanto nos preparamos para celebrar os Jubileus dos Migrantes e das Missões neste Ano Santo Jubilar, encorajo-os a destacar esses exemplos de esperança nas comunidades daqueles a quem vocês servem. Dessa forma, eles podem servir de inspiração para outros", disse ainda Leão.
O Papa concluiu, desejando que os participantes da conferência "possam continuar trabalhando para encontrar soluções integrais que promovam uma cultura de encontro, reconciliação e solidariedade fraterna em benefício de todos".