Papa encerra visita marcada por busca da unidade entre Igrejas e condenação da violência com justificação religiosa

Papa encerra visita marcada por busca da unidade entre Igrejas e condenação da violência com justificação religiosa

Leão XIV encerrou este Domingo, a sua primeira visita à Turquia, por ocasião dos 1700 anos do Concílio de Niceia, com várias mensagens pela unidade dos cristãos e em favor da paz, rejeitando o uso da religião para justificar a violência.

No primeiro discurso, em Ancara, perante responsáveis políticos e representantes da sociedade civil, o Papa alertou para um cenário de crise e de possível expansão global das guerras, que podem colocar o futuro da humanidade“em jogo”.

O momento central da viagem aconteceu na sexta-feira: a peregrinação conjunta com o patriarca ecuménico Bartolomeu a Iznik (antiga Niceia), local onde, em 325, se definiu o Credo que une a cristandade, com o Papa a apelar à reconciliação das Igrejas, rejeitando uso da religião para “justificar a guerra e a violência”.

Já no sábado, em Istambul, Leão XIV e o líder ortodoxo assinaram uma Declaração Conjunta na qual reafirmam a vontade de estabelecer uma data comum para a Páscoa e se comprometem prosseguir o diálogo teológico, reafirmando o compromisso com a plena comunhão.

“A unidade cristã não é um luxo, é um imperativo”, sublinhou o patriarca Bartolomeu, este domingo, na celebração da festa de Santo André, patrono da Igreja de Constantinopla.

Horas antes, o Papa defendeu, no encontro com a comunidade arménia, que a plena comunhão “não implica absorção ou domínio, mas uma troca dos dons do Espírito Santo”.

A visita ficou ainda marcada pelo momento de oração silenciosa na Mesquita Azul, onde Leão XIV seguiu os passos de Bento XVI e Francisco num gesto de respeito pelo Islão.

À pequena comunidade católica local, que representa cerca de 0,04% da população, o Papa deixou uma mensagem de encorajamento, pedindo que confiem na lógica da pequenez” e não no poder ou nos números.

A dimensão social da viagem teve o seu ponto alto na visita à Casa das Irmãzinhas dos Pobres, onde o Papa criticou uma sociedade onde predomina “a eficiência e o materialismo” em detrimento do cuidado com os mais frágeis.

Na Missa celebrada na Volkswagen Arena, na tarde de sábado, Leão XIV utilizou a imagem das pontes do Bósforo para desafiar os católicos a derrubar os “muros do preconceito” e ser construtores de unidade em três níveis: dentro das suas comunidades, no ecumenismo e com outras religiões.

O Papa já partiu para o Líbano, onde dá início à segunda etapa da sua primeira viagem apostólica internacional, levando consigo o compromisso de trabalhar, juntamente com os ortodoxos, face aos desafios da crise ecológica e das novas tecnologias.

A chegada ao Aeroporto Internacional de Beirute está prevista para as 14h45 locais (menos duas em Lisboa), seguindo um trajeto em veículo fechado e papamóvel até ao Palácio Presidencial.

Ainda hoje, Leão XIV vai fazer o seu primeiro discurso no Líbano, diante de autoridades políticas, líderes religiosos, diplomatas e representantes da sociedade civil

A agenda de segunda-feira inclui visitas ao túmulo de São Charbel e ao Santuário de Nossa Senhora do Líbano, encontros com a comunidade católica e com jovens, além de uma oração ecuménica e inter-religiosa na emblemática Praça dos Mártires.

A 2 de Dezembro, Leão XIV vai fazer uma oração silenciosa junto ao local da explosão do porto da capital, que a 4 de agosto de 2020 causou a morte de mais de 200 pessoas; cerca de 6500 ficaram feridas e 300 mil pessoas perderam as suas casas.

A celebração conclusiva da viagem ao Líbano é a Missa na zona do “Beirut Waterfront”, junto ao Mediterrâneo.

Três Papas visitaram o Líbano, na época contemporânea: Paulo VI, em 1964; João Paulo II, em 1997; e Bento XVI, em 2012.

OC